Artigos e Entrevistas

24/01/2022 - 09h53

A esperada retomada dos contêineres de importação

Fonte: A Tribuna de Santos – Coluna De Popa a Proa / Angelino Caputo*
 
Que o Porto de Santos é um porto multicargas, movimentando contêineres, granéis agrícolas, granéis líquidos, cargas de projeto, celulose, suco de laranja, fertilizantes, veículos e o que mais precisar ser transportado por navios, todo mundo já sabe. Que o porto bate sucessivos recordes de movimentação em toneladas, independente dos cenários de crise, também não é novidade para ninguém.
 
Ocorre que as estatísticas gerais muitas vezes podem mascarar o desempenho específico de um tipo de carga, que pode requerer mais ou menos atenção dos empresários e autoridades públicas.
 
Olhando especificamente para a movimentação de contêineres, nota-se que o Porto de Santos movimenta algo em torno de 300 mil dessas caixas metálicas por mês. Isso contempla cargas de exportação, cargas de importação, contêineres vazios e aqueles que apenas fazem escala no porto, vindo ou indo para outros local, já que Santos é o principal hub do Brasil.
 
Colocando-se uma lupa sobre a operação de contêineres de importação temos aqui um segmento que gera muita riqueza e empregos na região. Trata-se das caixas que trazem produtos manufaturados do exterior ou insumos para a indústria nacional. Esse tipo de carga recebe todo um controle aduaneiro para a entrada no País, sendo fiscalizado por diversos órgãos públicos, com destaque para a Receita Federal, Anvisa, Vigiagro e Ibama.
 
Para que isso aconteça com segurança e as cargas possam ficar armazenadas e entregues de forma ordenada aos importadores, existem os recintos alfandegados, que podem tanto ser os operadores portuários que carregam e descarregam os navios como as empresas retroportuárias, especializadas nessa atividade.
 
Os contêineres de importação que recebem tratamento aduaneiro na Baixada Santista totalizam atualmente, em média, cerca de 60 mil caixas metálicas por mês. Mas isso não ocorre de forma linear. Em um ano típico, temos um movimento um pouco mais baixo no primeiro semestre, seguido de uma movimentação maior nos meses de agosto, setembro e outubro, provavelmente para abastecimento do mercado com produtos para o Natal. Em seguida, o movimento volta a cair um pouco nos dois últimos meses do ano.
 
Por operar os sistemas de controle aduaneiro no Porto de Santos, a Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra) produz estatísticas mensais que permitem acompanhar os volumes e as tendências de movimentação para os contêineres de importação nesse porto.
 
Fazendo-se uma retrospectiva dos últimos cinco anos dessas estatísticas, observamos um excelente ano em 2017, com um total de 721.925 contêineres de importação descarregados e desembaraçados na Baixada Santista, gerando emprego e renda para operadores portuários, recintos retroportuários alfandegados e até mesmo para o vira – caminhões que levam as cargas ainda não nacionalizadas dos operadores para o retroporto.
 
Mas, reparando bem a curva de 2017, a queda esperada para os dois últimos meses do ano foi bem maior do que o esperado. Isso já refletia a crise econômica mundial que começava ali e fica claro nos desempenhos observados nos anos de 2018, com 608.627 contêineres de importação desembaraçados no Porto de Santos, e 2019, com 601.651 contêineres.
 
Os primeiros meses de 2020 pareciam sinalizar o início da recuperação, mas aí veio a pandemia, seguida da crise dos contêineres vazios, a supervalorização do dólar, encarecendo os produtos importados e até o encalhe do navio Ever Given no Canal de Suez, tumultuando a logística mundial. Como consequência disso, tivemos o pior ano da nossa série histórica recente, com 541.998 contêineres de importação desembaraçados no porto de Santos. Destaca-se negativamente o mês de junho de 2020, com apenas 31.259 caixas descarregadas.
 
O ano de 2021 foi bem atípico, com 665.344 contêineres de importação desembaraçados no Porto de Santos, porém a curva das descargas mostrou momentos de maior otimismo e outros de maior cautela. Ainda é um desempenho pior que 2017, mas o ano termina com o melhor mês de dezembro da série histórica, mostrando que 2022 pode ser finalmente o ano da retomada, se não tivermos muitas turbulências econômicas e políticas pela frente.
 
*Angelino Caputo é diretor-executivo da Associação Brasileira dos Terminais e Recintos Alfandegados
 
Imprimir Indique Comente

« Voltar

Galeria de
Imagens

Ver todas