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24/09/2020 - 08h07

Análise: Obstáculos do mercado de trabalho

Fonte: O Estado de S. Paulo / Rodolpho Tobler*
 
Depois do tombo da economia do País, a recuperação ainda não é o suficiente para absorver todos os que buscam por um emprego
 
 
Os últimos dados sobre mercado de trabalho, divulgados pela PNAD Covid-19 (IBGE), mostram o aumento da taxa de desemprego para o maior nível desde o início da pandemia. De certo modo, esse movimento já era previsto desde o momento em que foram necessárias medidas de isolamento social para conter a propagação do vírus. A taxa de desemprego corresponde ao número de pessoas que não estão ocupadas, mas estão procurando ocupação naquele momento. Com a necessidade do isolamento, muitas pessoas deixaram de procurar no pior momento da pandemia, saindo dessa conta.
 
A partir da flexibilização das medidas e, consequentemente, da maior circulação de pessoas, o número de indivíduos na força de trabalho (pessoas ocupadas ou buscando emprego) cresceu, principalmente a partir do início de julho. Porém, depois do forte tombo que a economia brasileira registrou no segundo trimestre de 2020, a recuperação econômica ainda não tem sido suficiente para absorver todas essas pessoas que estão voltando a buscar uma oportunidade, o que contribui para o aumento da taxa de desemprego.
 
Para os próximos meses, ainda existem obstáculos no caminho de retomada do mercado de trabalho. Além das flexibilizações contribuírem para o retorno gradual da atividade e do aumento da procura por emprego, também é importante entrar no radar o período de transição dos programas de auxílio do governo. Por um lado, as pessoas que estão recebendo o auxílio passam a precisar ainda mais da busca por uma nova renda, à medida que o benefício entra na reta final.
 
Outra pedra no caminho pode ser a dificuldade das empresas em retomar a folha de pagamentos que ficou sob responsabilidade do governo nos programas de manutenção de emprego. Especialmente porque essa dificuldade pode ser ainda maior em alguns segmentos de serviços (serviços pessoais, alojamento, alimentação fora de casa, entre outros) que empregam bastante, mas que ainda estão sofrendo por demandarem alguma presença física dos consumidores, que ainda se mostram cautelosos.
 
*Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE
 
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