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10/01/2022 - 08h03

Diretor-presidente da Santos Brasil crê em crescimento portuário no último trimestre de 2022

Fonte: A Tribuna On-line

Antonio Carlos Sepúlveda fala sobre projeções para a área nos próximos 12 meses e os principais desafios
 
O início de um ano, geralmente, é marcado por projeções e incertezas. Mas o que é possível afirmar é que 2022 será um ano decisivo em vários aspectos, principalmente no setor portuário. Há o plano de desestatização da administração do Porto de Santos, eleições presidenciais, que podem mudar os rumos do projeto, e ainda a expectativa para o fim de gargalos logísticos que nasceram no início da pandemia de covid-19, há quase dois anos. Por outro lado, para o presidente da Santos Brasil, responsável pelo Tecon Santos, na Margem Esquerda (Guarujá), Antonio Carlos Sepúlveda, o otimismo prevalece, principalmente com a possibilidade de aumento na movimentação de cargas no cais santista. Confira as projeções do executivo na entrevista a seguir.
 
Quais são as expectativas de movimentação de cargas em 2022? O volume estimado é maior ou menor do que o realizado em 2021?
 
Acreditamos que existe demanda não atendida em função da falta de capacidade disponível. A movimentação deverá crescer gradativamente à medida que a logística no Hemisfério Norte melhore e os armadores consigam alocar mais capacidade para o tráfego norte-sul. A nossa aposta é de que o crescimento virá no último trimestre de 2022.
 
E quais são as ações que podem garantir que as operações sejam mais eficientes no terminal do Porto de Santos?
 
A Santos Brasil está fazendo a sua parte. Acabamos de investir R$ 450 milhões na primeira fase do projeto de ampliação e modernização do Tecon Santos, que aumentou o cais em 220 metros e aprofundou os berços do terminal para 17 metros, permitindo que o terminal receba até três navios New Panamax simultaneamente. O terminal opera hoje com ociosidade e está pronto para absorver o crescimento do Porto de Santos. É muito importante estarmos prontos para receber os navios New Panamax, pois eles serão uma ferramenta poderosa para o Brasil, que ganhará competitividade ficando em pé de igualdade com seus concorrentes no comercio exterior.
 
E como será a segunda fase do projeto?
 
Já iniciamos também os investimentos da segunda fase do nosso projeto. Serão investidos mais R$ 500 milhões e o Tecon Santos passará dos atuais 2,4 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) para 2,6 milhões de TEU de capacidade anual até 2024. Serão mais 600 mil TEU em relação ao que tínhamos em 2020.
 
No cenário macro, quais os desafios de logística para este ano?
 
Em 2021, houve no mundo um aumento de demanda por bens de consumo em detrimento de serviços e, ao mesmo tempo, o fechamento de fronteiras reduziu a oferta de mão de obra, represando a capacidade logística e provocando uma série de gargalos, reduzindo a capacidade da frota de navios conteineiros. No Brasil, a movimentação só não cresceu mais por falta de navios, que estão sendo usados principalmente nas rotas Ásia - Estados Unidos e Ásia - Europa. Acreditamos que no final de 2022 já teremos uma normalização dessa situação e aumento da capacidade para o Brasil para atender a essa demanda. A infraestrutura brasileira está adequada para atender o crescimento da movimentação de contêi-neres nos próximos anos. Não temos aqui no Brasil os problemas de infraestrutura e mão de obra enfrentados na Ásia, Europa e Estados Unidos.
 
E especificamente no Porto de Santos?
 
Considerando-se o crescimento histórico do Porto de Santos, não teremos problema de capacidade para contêineres no Porto. O projeto de expansão do Tecon Santos que está em curso garantirá a capacidade necessária para o Porto crescer. Entretanto, será necessário que seja ampliada também a capacidade do sistema viário para que o acesso aos terminais esteja garantido.
 
Será um ano de intensas transformações, com a possibilidade de desestatização da Santos Port Authority (SPA), a empresa responsável pela gestão do Porto. Quais são as expectativas para este processo?
 
A privatização é bem-vinda. Esperamos que o modelo de privatização da SPA contemple obrigação de investimentos nos acessos e redução dos custos para movimentação de carga. Hoje, perdemos muita carga, principalmente para os portos de Santa Catarina e do Paraná, e acredito que a gestão privada terá condições de aumentar a competitividade do Porto, fazendo com que ele seja ainda mais relevante para a logística brasileira.
 
E quais os pontos de maior atenção para as autoridades e usuários do setor?
 
A prorrogação do Reporto (Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária) é fundamental para a manutenção dos investimentos no setor portuário. Os portos alavancam o crescimento econômico do País, dando competitividade ao nosso comércio exterior. O Reporto já foi aprovado pela Câmara no texto da BR do Mar e nossa expectativa agora é pela sanção presidencial. Estamos muito otimistas.
 
Também haverá eleições presidenciais, o que sempre mexe com o mercado e com as expectativas do setor. Em linhas gerais, quais devem ser os planos dos candidatos para o Porto de Santos?
 
O Brasil é um País hiper-regulado. Isso custa muito caro para a sociedade. Acho que a privatização da administração do Porto de Santos é uma iniciativa que deve ser mantida pelo próximo presidente, seja ele quem for.
 
Na sua opinião, como estará o setor portuário em 31 de dezembro deste ano?
 
O setor portuário faz parte de um conjunto que inclui estradas, ferrovias, aeroportos e regulação. Ao final deste ano, teremos diversos projetos concluídos, com equalização de capacidades nos diversos modais, em todas as regiões do Brasil. Vamos fechar o ano mais competitivos, com solução de gargalos históricos e redução de custos logísticos.
 
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