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30/12/2022 - 06h26

Feliz Natal logístico!

Fonte: A Tribuna On-line / Luis Claudio Santana Montenegro*
 
Interação com a sociedade e critérios claros de priorização para projetos e investimentos são elementos fundamentais
 
Se eu pudesse conceber um presente de Natal para a logística brasileira, ele seria composto de dois elementos principais: interação constante com a sociedade e critérios claros de priorização para projetos e investimentos. Vamos entender melhor esse conceito.
 
O planejamento da logística é feito a partir da análise do cenário atual e das projeções de crescimento da demanda futura que indicarão gargalos, sejam de infraestrutura, operacionais ou de integração institucional e regulatória, que necessitarão da escolha de uma dentre as várias alternativas de solução existentes que possam superar tais dificuldades.
 
A falta de planejamento logístico do nosso país está indicada na dificuldade histórica que temos em identificar claramente os gargalos existentes, na falta de diálogo permanente com a sociedade para levantamento das diversas alternativas de solução e, por fim, na falta de clareza sobre a priorização de ações a serem implementadas para superar de forma contínua os entraves logísticos nacionais.
 
A infraestrutura logística brasileira define nitidamente corredores de movimentação de cargas e de passageiros que, inclusive, já foram base metodológica para nossas ações de planejamento. Voltando ao nosso presente de Natal, faria parte da sua concepção a indicação de gestores técnicos para cada um desses corredores. Profissionais qualificados para dialogarem com a sociedade, estudarem gargalos e alternativas de solução e defenderem as propostas de ações publicamente junto às instituições responsáveis pelo processo decisório de investimentos em logística no país.
 
Cada gestor, a cargo de um corredor estratégico, munido de uma estrutura técnica de suporte, dialogaria com toda a sociedade, estados, municípios e setores produtivos, e construiria o seu painel de gargalos e alternativas de solução a serem discutidas para a construção de uma política nacional.
 
Esse modelo não é inovador. Internacionalmente, ele já é benchmarking, como nos casos do Trans-European Transport Network (TEN-T) da Comunidade Europeia, ou no One-Belt-One-Road dos países asiáticos. Coincidentemente ao que, por intuição, enxergamos de necessidade para o Brasil, os projetos europeus e asiáticos consideram transversalmente aos seus corredores estratégicos dois sistemas igualmente estratégicos: os transportes ferroviário e por cabotagem.
 
Também faria parte desse presente de Natal para a logística brasileira a construção de uma metodologia transparente de cálculo de uma “função utilidade”, que seria composta de variáveis econômicas e socioambientais a serem inseridas na avaliação de cada projeto apresentado pela sociedade para cada corredor, atribuindo-lhes, portanto, uma nota que representaria a sua utilidade para o aprimoramento da logística nacional.
 
Com isso, teríamos um ranking de prioridades de solução por corredor, construindo uma estratégia nacional para destravamento de diversos corredores logísticos que permitiriam aos usuários a escolha da melhor alternativa logística para escoamento dos seus insumos e produtos, com capacidade e eficiência necessárias a uma logística fluida e sem costuras (seamless logistic chains).
 
Em tempos em que a discussão da construção do plano orçamentário está no foco de todos os brasileiros, a minha sugestão de presente de Natal logístico para o Brasil permitiria ao país estruturar não só o Plano Plurianual de Investimentos do País para o planejamento do investimento público, mas também o Plano de Outorgas a ser construído com a participação do investimento privado na execução complementar de soluções.
 
O Brasil precisa de planejamento logístico como prioridade e de transparência cada vez maior na identificação de gargalos e de alternativas de solução a serem implementadas. Feliz Natal e um próspero Ano-Novo para a nossa logística!

*Luis Claudio Santana Montenegro, graduado em Engenharia Civil pela UFES, mestre em Engenharia de Transportes pelo IME, especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Planejamento, Gestão e Operações em Corredores de Transporte e em Regulação de Transportes pela UFRJ. Foi presidente do Conselho de Administração da Companhia Docas do Pará, membro do Conselho de Administração do Porto de Imbituba e do Porto de Vitória, diretor de Planejamento da Companhia Docas de São Paulo, diretor presidente da Companhia Docas do Espírito Santo – CODESA e assessor parlamentar no Senado Federal.
 
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