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24/11/2021 - 09h29

O tema que não sai da pauta!

Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
A desestatização dos portos vem causando uma série de dúvidas e incertezas no setor portuário
 
A desestatização dos portos vem causando uma série de dúvidas e incertezas no setor portuário. Uma delas, colocada por muitos, é se iremos tratar da desestatização dos portos ou do porto de Vitória (ES)! Evidente que, pelo prazo até agora demandado nos estudos da Codesa, muito dificilmente conseguiremos abordar e finalizar esse tema nos outros portos em 2022.
 
Confesso que tenho acompanhado de perto inúmeros eventos e webinares sobre o tema e questões relevantes ainda ficam sem respostas ou aguardam definição.
 
O sentimento de que somente o porto de Vitória será o único vitorioso no processo de desestatização é generalizado e muitos acreditam que dentro do atual mandato do Governo Federal esta é a única possibilidade concreta de sucesso.
 
Uma questão que ouvimos frequentemente é que os portos não davam lucro e, por isso, seriam desestatizados, mas como hoje estão dando lucro, esse modelo é um experimento? Por que escolheram o porto de Vitória como o primeiro desse processo? Sorte ou azar?
 
Isso ainda não sabemos. Transferir as operações para a iniciativa privada dará celeridade em muitos serviços nos portos do Brasil e isso todos sabemos. Mas a estratégia e o planejamento de longo prazo podem, de alguma maneira, interferir no crescimento e desenvolvimento dos portos.
 
Aqui pelo Porto de Santos já vivenciamos esse tipo de situação em que decisões erradas do passado estão interferindo nos dias de hoje no maior complexo portuário da América Latina. Um desafio enorme para quem tem a caneta e deve decidir.
 
Todo investidor vai em busca do retorno do seu capital e do lucro nas operações. Não é necessário fazer nenhum exercício de futurologia para concluir que as tarifas serão alteradas, principalmente em um porto como o de Vitória, onde existe limite no calado e boa parte do resultado é proveniente das tarifas e não da movimentação de cargas.
 
Evidente que sigo as mídias sociais desses portos e a divulgação de recordes é constante. Fica claro que a gestão técnica deu certo e que o problema está nos serviços que devem ser contratados. Hoje, usa-se um modelo arcaico, demorado e improdutivo.
 
Este seria o real problema dos portos? Efeito e causa? Olhamos o efeito e não tratamos da causa? Fico com a impressão que temos um presunto podre em cima da mesa e com muitas moscas em cima. Em lugar de tirar o presunto da mesa ficamos abanando as moscas. É claro que elas voltarão para cima do presunto!
 
Ainda assim as atividades privadas devem focar no lucro obviamente. Existem cargas que não darão lucro à autoridade portuária privada, mas que são extremamente importantes para o desenvolvimento econômico regional. Estas cargas serão extintas dos portos pelo Brasil? Qual a garantia que berços públicos continuarão a operar? Os cruzeiros deixarão de existir no Porto de Santos?
 
Para o mercado haverá aumento tarifário, para o governo redução tarifária. O que ocorrerá de fato?
 
A sede pelo acesso aos estudos é enorme e a transparência pode ajudar e muito no entendimento de todos os envolvidos. Determinar sigilo em alguns pontos gera muita incerteza para os envolvidos e acaba repelindo aqueles que poderiam ser pares nesse processo de desestatização.
 
Uma guerra se vence com inúmeras batalhas e se a cada batalha você perde soldados fica difícil ganhar a guerra. O termômetro é que aos poucos vários soldados estão deixando as tropas dessa guerra chamada desestatização. A conferir!
 
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360º. Possui mais de 20 anos de experiência em tecnologia e automação portuária.
 
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