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08/12/2021 - 09h53
A importância do consignado
Fonte: A Tribuna On-line - Editorial
Com um pouco mais de educação financeira, seria possível manter mais brasileiros no mercado de consumo
Na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, 228 mil aposentados e 94 mil pensionistas têm empréstimo consignado, que é a linha com parcela descontada automaticamente todo mês sobre o benefício. Esse contingente equivale à população total estimada de Praia Grande, o que ajuda a entender o seu alcance social, que é maior ainda, pois os trabalhadores públicos e privados também podem contraí-lo.
O que preocupa é que esse empréstimo é anunciado ao consumidor como o mais barato – é o de menor risco para os bancos, o que viabiliza taxas mais em conta. Mas se utilizado de forma incorreta pode virar uma dor de cabeça e até prejudicar o próprio sistema financeiro e o mercado de consumo. Estudos já mostraram que muitos idosos, devido à regularidade da Previdência Social, constantemente veem seus benefícios reduzidos por utilizarem o consignado não para uso próprio, mas para emprestar a parentes.
Nesta semana, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou o aumento do teto dos juros do consignado, agora de 1,80% ao mês, para 2,14%, com efeito em janeiro. Os percentuais parecem acanhados, ainda mais se comparados ao do crédito pessoal, de 22,07% em média ao mês. Mas tanto pela taxa antiga como pela nova, o custo no bolso é bem evidente. No limite atual de 1,80%, um empréstimo de R$ 10 mil em 24 vezes se transforma em R$ 12.403,44 – um ganho de 24% para o banco. Se a 2,14%, a soma atinge R$ 12.891,12, com 28% sobre o valor original. O aposentado ou trabalhador da ativa muitas vezes vai tomar esse crédito não para comprar um eletrodoméstico ou fazer um reparo em casa, mas para cobrir o rombo nas contas do mês. Neste caso, o risco da dívida virar um bola de neve é elevado, pois o desconto das prestações vai reduzir seu poder de consumo por dois ou três anos e será preciso ter alguma educação financeira, como cortar gastos e adiar compras para se adequar ao novo perfil financeiro.
Uma forma que o governo encontrou para evitar a ruína financeira de muitos segurados do INSS foi limitar a 35% o comprometimento do benefício com o consignado. Esse percentual foi elevado para 40% devido ao impacto da pandemia, mas no próximo dia 1o ele retornará para os 35%.
Os juros do consignado subiram por pressão dos bancos, que justificaram o aumento da Selic, a taxa básica da economia. A explicação da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) é de que a elevação do teto estimula a oferta dessa modalidade. De acordo com a Febraban, essa linha movimentou por volta de R$ 9 bilhões ao mês, fechando em outubro pouco acima de R$ 7 bilhões. O consignado é importante por resgatar os endividados em linhas mais caras, permitindo a troca para uma dívida mais barata. Com a oferta do crédito saudável e um pouco mais de educação financeira seria possível manter mais brasileiros no mercado de consumo, estimulando o crescimento do País.






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