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27/07/2015 - 05h45

Caguetas: Os delatores são aliados das empresas

Fonte: Exame



No início do mês, a presidenta da República disse – com todas as letras – que “não respeita delatores”. Este lamentável episódio ocorreu após o dono da UTC, Ricardo Pessoa, revelar novas promiscuidades entre o público e o privado nas investigações da Operação Lava-Jato. Ora, a delação premiada é um instrumento legal e, portanto, o CEO do Brasil tem a missão constitucional de zelar pelo respeito e o cumprimento das Leis, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade.
 
Se no meio jurídico existe a figura do delator que se beneficia da legislação para salvar a própria pele, no mundo dos negócios o “denunciante” é aquele que relata suas preocupações pessoais e com a empresa para proteger a própria empresa. E, por esta razão, está se transformando num grande aliado, pois, são as denúncias, feitas de boa-fé, que contribuem para a manutenção da reputação corporativa e da perenidade das operações evitando que os Stakeholders fechem as portas da empresa, como aconteceu com a Enron e a Arthur Andersen.
 
Tanto é verdade que, há alguns anos, surgiu nos EUA a expressão “whistleblower”: aquele que “toca o apito”, aquele que “dá o alarme”. Nas empresas são os colaboradores, gestores e executivos que tem a coragem de relatar, aos canais internos competentes, os possíveis desvios de conduta de colegas ou superiores bem como de qualquer tipo de desconformidade com as palavras e o espírito do Código de Ética e/ou com as políticas da empresa.
 
Atualmente, o whistleblower está deixando de trazer consigo algo pejorativo e, dia após dia, o rótulo do “dedo-duro” da história está descolando para mudar de vez este paradigma. Com isso, o mercado, incluindo consumidores, acionistas e investidores, e também um número cada vez maior de empresas sérias, estão dando um status mais nobre, louvável e exemplar aos denunciantes. E você sabe o porque? Os whistleblowers estão contribuindo para a preservação do bom nome, da imagem, da reputação e do patrimônio das empresas em que atuam.
 
Para você ter uma ideia de como está havendo uma evolução neste sentido, dentre as 1000 maiores empresas em atuação no país, das que se utilizam de um Código de Ética, mais de 30% delas já possuem um local apropriado para receber denúncias dos seus Stakeholders. Estes canais, inclusive, tem destaque nos websites corporativos (saiba mais na Pesquisa Código de Ética Corporativo 2014).
 
Entretanto, apesar das fraudes, atos de corrupção, má condutas e desvios de caráter serem mais costumeiramente descobertos após uma denúncia aos canais internos das empresas, um recente estudo chamado de A Ética nas Organizações, elaborado pelo CPDEC (Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada) em parceria com o NEIT (Núcleo de Economia Industrial e Tecnologia) da Unicamp, apontou que mais de 90% dos profissionais não reportariam atitudes antiéticas por medo de “represálias” e por acreditar que o chefe faria “vista grossa” e o caso não seria solucionado.
 
Por outro lado, com o aumento gradual, mas muito significativo, deste tipo de report todos deverão ficar mais atentos a possíveis retaliações contra aqueles que foram motivados pelas empresas, encorajados e protegidos pelos dizeres do Código de Ética a apresentar algum tipo de preocupação ou mesmo denúncia. Os atores do mercado não poderão permitir que a própria empresa mate o seu whistleblower!.
 
 
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