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24/09/2019 - 02h25

Codesp e Estado divergem sobre construção de ponte no estuário

Fonte: BoqNews
 
Pontos favoráveis e contrários em relação à futura ponte a ser construída pela iniciativa privada ligando Santos ilha ao continente foram debatidos.


 
A proposta de construção de uma ponte ligando Santos-ilha ao continente divide opiniões entre a Codesp e a Secretaria de Transportes do Estado.
 
Isso ficou claro no evento promovido pela Associação Comercial de Santos (ACS) nesta segunda (23).
 
A obra será bancada pela Ecovias.
 
Em troca, a empresa ampliará o contrato para exploração do Sistema Anchieta-Imigrantes, que se encerra em 2026.
 
O presidente da Ecovias, Rui Klein, fez uma breve apresentação sobre o projeto.
 
Um dos destaques foi o número de usuários detectados em estudo realizado pela concessionária: 50% do volume de veículos que trafega pelo canal do Estuário devem migrar para a ponte.
 
O presidente também destacou os 85 metros de altura e os 305 metros de largura entre os pilares.
 
“Essa ponte não oferece restrição. Pelo contrário, ela até deixa folga e capacidade estocada para o futuro, tanto em altura como em largura, nas operações dos navios”.
 
Para Klein, a ponte será uma importante interligação da Baixada Santista, principalmente nos aspectos logístico e de contribuição para o volume de balsa.
 
“A ponte vai interligar as margens do Porto, a Anchieta e a Cônego Domênico Rangoni”.
 
O engenheiro da USP, Rodrigo Barrera, mostrou a simulação de manobras de navios, considerando a ponte de interligação entre a Rodovia Anchieta (SP 150) e a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP 055).
 
Ele classificou as manobras como estado de “atenção” ou “crítico”.
 
“Essa constatação não é causada pela presença da ponte, dado que estudos anteriores já apontavam para o uso intensivo dos recursos de manobra.
 
Mas, sugiro a simulação de navios de maior porte, cuja viabilidade técnica ainda não foi estudada para o Porto de Santos”.
 
Codesp
 
O presidente da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho, disse que sua postura é proteger o maior ativo, que é o canal.
 
Ele destacou que não adiantarão os investimentos, como na malha ferroviária, se o Porto for ineficiente.
 
“O ponto mais importante é que os elementos que estão sendo estudados para balizar a ponte não estão considerando a ampliação do canal, a ampliação dos terminais, novas bacias e o aumento da frota, tanto em tamanho como quantidade, e isso vai criar mais fila e mais tempo de operação”.
 
Secretário de Estado de Logística e Transportes
 
Por sua vez, o secretário estadual de Transporte e Logística, João Octaviano Machado Neto, a ponte é melhor projeto para o momento.
 
“A ponte é um compromisso do governador João Dória”.
 
“Estes estudos demonstram total viabilidade do projeto. É claro que tem alguns pequenos ajustes para cumprir todos os quesitos de segurança e que não gerem nenhuma circunstância de proibição ou diminuição de crescimento do Porto. O objetivo é incentivar esse crescimento. Essa ponte faz parte desse desenvolvimento e de fortalecimento da economia da Baixada Santista”.
 
Prefeituras
 
Por sua vez, o secretário de Desenvolvimento Portuário de Guarujá, Alexandre Trombelli, representando o prefeito Valter Suman, explicou que a prefeitura não é e não será contra qualquer projeto de ligação seca, mas com ressalvas.
 
“A sua viabilidade é um ponto diferencial, ele é exequível. Porém, a gente sentiu, em uma audiência pública que discutiu o impactos ambientais dessa obra, que a proposta do túnel também precisa ser estudada”.
 
O presidente da Câmara de Santos, Rui de Rosis, disse em seu discurso que é difícil conciliar a razão e a emoção.
 
E pediu que na decisão que seja tomada prevaleçam: a razão, o equilíbrio e o espírito público.
 
O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, relembrou que este assunto já foi discutido à exaustão.
 
“São quase 100 anos de ligação seca entre Santos e Guarujá e, logicamente, que ao debater esse tema a gente encontra muitos argumentos repetidos. Mas, acredito, que esse projeto não se viabilizou antes em função das inviabilidades econômicas”.
 
Marinha e Praticagem
 
“Faltam estudos para emitir um parecer técnico da Marinha”.
 
Foi assim que o capitão dos Portos do Estado de São Paulo, Daniel Américo Rosa Menezes, destacou sua posição sobre a ponte.
 
“A Marinha tem a visão de que a decisão sobre a ponte é política, econômica e que não cabe nós nos posicionarmos. Cabe a Marinha apenas os aspectos técnicos”.
 
Já o presidente da Praticagem de Santos, Carlos Alberto de Souza Filho, ressaltou que o projeto da ponte nos moldes atuais permite a navegação no canal com algumas adaptações nas manobras em prol da segurança.
 
Segundo Souza Filho, a inexistência de pilares na água eliminaria os riscos agregados pela ponte.
 
“O papel da praticagem visa evitar os acidentes ou, quando não for possível evitá-los, ao menos minimizar as suas consequências”.
 
Por fim, alguns coordenadores das Câmaras Setoriais da Associação Comercial de Santos falaram da importância do evento e de propostas para a melhoria da Baixada Santista.
 
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