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21/06/2018 - 10h33

Copa só será anestésico para crise no Brasil até outubro, diz Roberto Livianu

Fonte: Poder 360
 
Governo respira por aparelhos

 
Depois de 11 dias amargados pela paralisação dos caminhoneiros, sem combustível e com desabastecimento geral, pudemos sentir o grau de dependência que temos deste meio de transporte no Brasil, que disse não às ferrovias e às hidrovias.
 
Imagine você que país seria o nosso se pelos Rios Amazonas e São Francisco, para ficar em apenas 2 exemplos, navegassem barcaças. E se as nossas capitais fossem conectadas por trilhos?
 
Este Governo fraco, sem autoridade nem aprovação pela sociedade, trôpego, subestimou mais uma vez o movimento grevista. Continua na UTI, respirando por aparelhos, agora com sobrevida garantida graças à Copa do Mundo que começou na semana passada e será o anestésico do mês.
 
Espera-se que Neymar, Gabriel Jesus, Firmino e Tite sejam a salvação da lavoura. Afinal, se trouxerem o hexa, começará um novo ciclo virtuoso e, com certeza, o Governo vai querer sair na foto com a Seleção como se fosse corresponsável pela conquista épica.
 
Mas no meio de julho, após a Copa, estaremos a 80 dias das eleições, talvez as mais importantes de nossa jovem história republicana. E por falar em jovem, muitos jovens votarão pela primeira vez ao atingirem seus 16 anos, adquirindo sua cidadania. Não a conquistaram, adquiriram-na. Talvez seja este nosso grande problema.
 
Não temos aqui genuínas lutas perseverantes, por bandeiras, por causas. Não temos revoluções. Não temos mortes por ideais, como a Guerra Civil Americana, quando houve cerca de 600.000 mortes. Nossa independência e nosso movimento abolicionista, por exemplo, quase não geraram significativas perdas de vidas humanas. Passamos de 75% de analfabetos em 1920, que viviam 80% no campo para 12% de analfabetos reduzidos a 19% na zona rural, entrando no século XXI.
 
Mas, os bolsões de miséria no norte e nordeste são mantidos. Mendiga-se um pedaço de terra já que não se fez verdadeira reforma agrária e não há efetivas políticas públicas, especialmente na área da segurança pública, gerando violência e criminalidade desenfreada diretamente relacionada à acentuada desigualdade não enfrentada adequadamente bem como à corrupção, vez que recursos públicos são sistematicamente desviados da área da educação, sucateando o ensino, destruindo gerações e amplificando um perigoso círculo vicioso.
 
A corrupção endêmica danifica gravemente a democracia e mina a credibilidade das instituições. Para se viver num sistema republicano há um pressuposto elementar que é submeter-se ao império da lei. A operação Lava Jato, de certo modo resgatou a confiança na Justiça, mas sistematicamente o Supremo Tribunal Federal vem emitindo decisões que são lidas pela opinião pública como desmoralizantes do sistema de justiça, o que tem reacendido a discussão sobre a forma de escolha dos Ministros.
 
Por outro lado, é triste verificar que, dos postulantes à condução do país, não se percebe com clareza quais suas propostas e meios para realizá-las diante de nossa difícil realidade social, política e econômica.
 
Há nas falas muito populismo, muita bravata e pouco projeto de país. O Brasil é a 10ª economia do planeta mas ostenta uma das piores distribuições de riqueza de todo o mundo. Observe-se por exemplo, que a Transparência Internacional, de 180 países aponta o Brasil na posição 96 do ranking de percepção da corrupção 2018.
 
Qual o plano estratégico para reverter este grave quadro de desigualdade que vivemos? Criarão, por exemplo o imposto sobre grandes fortunas? Eliminarão as imunidades de impostos de igrejas, incabíveis neste momento que vivemos? Como enfrentarão a corrupção, angústia número um do Brasil segundo o Datafolha e Latinobarômetro? Como nos tirarão do atoleiro educacional em que nos encontramos? Precisam nos mostrar como decifrarão este nosso quebra-cabeças chamado Brasil.
 
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