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11/07/2018 - 04h39

Cruzeiros atravessam a crise e registram avanços de até 20%

Fonte: DCI

Ainda que a falta de infraestrutura em alguns portos e a dificuldade de fisgar o cliente existam, empresários deste ramo comemoram resultados positivos para a temporada



O crescimento pífio na maior parte dos segmentos da economia parece não afetar o mercado de cruzeiros marítimos, que apontam vendas para a temporada 2018-2019 em patamares superiores ao do ano passado. A retomada aos níveis pré-crise, no entanto, dependerá de ações para atrair novos armadores à costa brasileira.
 
“As vendas na costa do Brasil e na América do Sul estão 20% acima do observado no ano passado na Costa Cruzeiros”, comentou o diretor geral da Costa Cruzeiros para a América do Sul, Renê Hermann. De acordo com ele, era de se esperar um desaquecimento das vendas em um ano de Copa do Mundo e eleições, contudo não é o que tem ocorrido.
 
Na opinião de Hermann, uma questão que ajuda muito o setor neste cenário de volatilidade cambial é o modelo de pagamento do produto. Todos os armadores consultados pelo DCI apontaram que o preço comercializado é em reais e pode ser pago em até 10 vezes sem juros. Isso evita uma alteração do valor no meio do processo. Diferente de uma viagem internacional onde os preços das passagens podem sofrer a variação de forma mais direta. “No cruzeiro você tem transporte, entretenimento e alimentação. Quando viaja para fora depois da passagem deve pagar hospedagem, entretenimento, alimentação, compras”, comenta.
 
Na MSC, que também opera na costa brasileira, a comercialização para a próxima temporada está 5% superior até o momento e a oferta de leitos terá expansão de 13%. No total, serão três navios com aproximadamente 103 mil cabines. Entre eles estará pela primeira vez no Brasil o MSC Seaview, a partir de dezembro. “Será o maior e mais moderno visto no País”, explicou o diretor geral da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli.
 
Além do custo-benefício, Ursilli destaca que tem crescido muito a realização de eventos dentro dos navios, tanto para pessoas físicas (casamentos e festas), como para o segmento corporativo, o chamado Mice (reuniões, incentivos e congressos, na sigla em inglês). “O segmento representa cerca de 10% para nós e a meta é chegar a 15% em dois ou três anos”, diz.
 
Em linha, os números divulgados pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) mostraram um crescimento de 159,46% de aumento na receita com cruzeiros nacionais, no primeiro trimestre. No internacional, a variação foi menor, mas ainda com expansão de 14,45%.
 
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil, na sigla em inglês), Marco Ferraz, durante a temporada no Brasil, a oferta de leitos deve chegar próximo a 500 mil, um aumento de 13% ante a temporada brasileira 2017-2018. “Teremos 27 saídas. Na passada foram 20.”
 
Segundo o executivo, a penetração deste mercado ainda é baixa entre os consumidores brasileiros, se comparado a países como Estados Unidos e Austrália. “Ainda há muito para crescer”, diz. Assim como o número de leitos, a ideia é que todo ano novos destinos de escala sejam inclusos nos roteiros. Entre os que estão sendo negociados atualmente ele cita Vitória e Arraial do Cabo.
 
Ferraz aponta que tanto os cruzeiros nacionais quanto internacionais tiveram um primeiro semestre bom, mas o resto do ano ainda é um pouco incerto no caso dos produtos externos. “Agora o compasso é de cautela. O turista espera o dólar estacionar, então ainda não dá para dizer se o câmbio pode afetar”, complementa.
 
Na R11 Travel, no entanto, as perspectivas ainda são boas. O CEO da empresa, Ricardo Amaral, contou que para lidar com o aumento do dólar, a empresa anunciou promoções, como “crianças de graça”. “Temos muitas promoções que auxiliam as famílias a fazer a aquisição, além de parcelar em 10 vezes sem juros. A compra é em real e travamos o câmbio na compra”, diz.
 
Atualmente, a R11 é distribuidora exclusiva dos cruzeiros Royal Caribbean International, Celebrity Cruises, Azamara Club Cruises e Pullmantur no Brasil.
 
Concorrência
 
Apesar dos dados positivos, o mercado ainda precisa ganhar competitividade para conseguir atrair mais players para o setor. “Aqui é 40% mais caro atuar que no resto do mundo”, coloca Ferraz da Clia Brasil.
 
De acordo com ele, existe uma forte competição com o mercado chinês, o Caribe e a Europa. “Temos que melhorar a infraestrutura de acesso ao porto e também ter mais terminais portuários. Há uma carga tributária muito alta também, a praticagem precisa ser regulada, o trabalho a bordo também precisa estar de acordo com as leis internacionais. O que mais pega o armador é a regulação trabalhista. Precisamos atrair mais navios”, diz. Segundo Ferraz, há 54 armadores na associação, sendo apenas três no País.
 
O Grupo Costa já teve sete navios no País e hoje são dois. “Outros também deixaram ou diminuíram após 2011. Há lugares onde até pode se vender menos, mas o custo é muito menor. Precisamos reduzir o custo da operação”, comenta Hermann.
 
Para ele, há demanda para um aumento de capacidade. Entre 2010 e 2011, por exemplo, havia 800 mil cruzeiristas no Brasil. “Claro que é necessário uma situação econômica melhor no País, mas a redução de custo influencia muito”, diz.
 
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