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19/12/2014 - 11h05

Depois de 8 anos, PT pode voltar à pasta do Trabalho

Fonte: Valor Econômico



A presidente Dilma Rousseff pediu ao PT a indicação de nomes para o Ministério do Trabalho, no que pode ser uma das mais importantes mudanças no primeiro escalão do governo, no segundo mandato, se vier a ser confirmada. O partido indicou os nomes de Artur Henrique da Silva Santos e de José Lopez Feijóo, dois ex-dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
A presidente Dilma será diplomada nesta quinta-feira no Tribunal Superior Eleitoral sem ter resolvido as principais pendências com os aliados. A participação do PT no novo governo está sendo finalizada, mas a negociação com o PMDB, a maior sigla da coalizão, chegou a um impasse, porque o partido quer ampliar qualitativamente sua representação no segundo mandato.
 
Além disso, o PDT reivindica o Ministério dos Esportes como compensação pela devolução da pasta do Trabalho ao PT, mas o PCdoB quer manter Aldo Rebelo na pasta. O cenário apresentado ao PMDB é de seis ministérios: Agricultura, Minas e Energia, Aviação Civil, Previdência, Turismo e Portos ou Ciência e Tecnologia.
 
Os pemedebistas não querem mais a Previdência Social e exigem um ministério no qual possam fazer articulação política como Cidades ou Integração Nacional. Mas pelo desenho do Planalto, essas duas pastas terão outros destinatários.
 
A se confirmar a indicação do presidente do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab, para o Ministério das Cidades, tudo indica que o PP herdará o Ministério da Integração Nacional. Neste cenário, o nome mais cotado é o do deputado federal reeleito Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que foi titular da pasta das Cidades e tem o apreço pessoal de Dilma. Caso a obra seja concluída em 2016, como agora é previsto, Ribeiro inauguraria o projeto de integração do Rio São Francisco ao lado de Dilma e Lula.
 
O PMDB é vetado pelos governadores do PT e pelo governador Cid Gomes (Pros-CE) para assumir a Integração Nacional. Contudo, os pemedebistas não se entusiasmaram com a possibilidade de ocuparem a Secretaria de Portos nem com a Ciência e Tecnologia, mas podem acabar sem outras alternativas.
 
O PT está fora do Ministério do Trabalho desde março de 2007, quando o ex-presidente Lula entregou a pasta ao PDT, nomeando o presidente da sigla, Carlos Lupi. A CUT conquistou o cargo com o atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, quando Lula precisou repaginar o ministério para enfrentar as denúncias do mensalão. À época, como agora, a ideia era convocar os movimentos sociais para defender o mandato do presidente.
 
Artur Henrique é ex-presidente da CUT e atualmente ocupa a Secretaria do Trabalho da Prefeitura de São Paulo. Feijóo era vice-presidente e está lotado na Secretaria Geral da Presidência da República, encarregado de fazer a interface do governo com as centrais sindicais.
 
Apesar de ter vencido uma eleição polarizada e que trouxe de volta às ruas seus antigos militantes, o PT reconhece não dispor hoje de poder para convocar grandes mobilizações populares. A retomada do Ministério do Trabalho contribuiria para esse esforço, num momento em que a oposição sente-se revigorada.
 
Se ainda não está confirmada a indicação de um nome do PT para o Trabalho, a presidente Dilma compensou o partido pela indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura com a escolha do ex-ministro e deputado eleito Patrus Ananias (PT-MG) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), conforme adiantou o Valor. O Ministério das Comunicações deve mesmo ser ocupado pelo atual governador da Bahia, Jaques Wagner, talvez com atribuições hoje na área da Secretaria de Comunicação de Governo (Secom), como a verba de publicidade. O atual titular do MDA, Miguel Rosseto, já trabalha na transição com Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência.
 
Dilma cogita, ainda, nomear apenas o primeiro escalão de seu governo antes da posse, em 1º de janeiro. Isso inclui os presidentes dos bancos oficiais, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, que a presidente antes pensava em anunciar junto com a equipe econômica. Esse cronograma deveria incluir também a Petrobras, mas Dilma já analisa a hipótese de antecipar a saída de Graça Foster da presidência da estatal diante do agravamento da crise.
 
As dificuldades para formar o ministério no Brasil foram tema de uma rápida conversa entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, da Argentina, hoje, logo após a reunião de cúpula do Mercosul, em Paraná, capital da província argentina de Entre Rios.
 
Num bate-papo informal, Cristina perguntou à presidente brasileira sobre sua posse. Dilma explicou à colega argentina que a posse seria no dia 1º. Em seguida, Cristina perguntou: "E o ministério? Já está formado?" Segundo informações de pessoas presentes no momento da conversa, Dilma respondeu: "Ah, não é tão fácil assim".
 
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