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16/06/2020 - 08h55
Durango
Fonte: Valor Investe
Mais da metade dos brasileiros entrou na quarentena sem nenhuma reserva financeira.
Mais da metade dos brasileiros entrou na quarentena sem nenhuma reserva financeira.
Mas se engana quem pensa que apenas os não poupadores precisam rever seus hábitos financeiros em meio à crise.

A covid-19 pegou o planeta todo de surpresa. Do nada, eis que surge um inimigo invisível, que veio e mudou nossa vida completamente. A economia se retraiu, o desemprego aumentou, a renda de muita gente evaporou ou foi reduzida. Não bastasse a missão de enfrentar um contexto social e sanitário para lá de desafiador, 56% dos brasileiros encararam um desafio extra, pois eles começaram o ano de 2020 sem nenhuma reserva financeira. Isso representa um universo de quase 54 milhões de pessoas que estão enfrentando essa crise sem um colchão financeiro.
Segundo a pesquisa Raio-X do Investidor da Anbima, apurada no final de 2019, apenas (apenas!) 44% dos brasileiros, das classes A, B e C tinham algum investimento financeiro para chamar de seu. Apesar de ser o maior índice desde a primeira edição da pesquisa, é ainda um número baixo, dado que a amostra considera uma população economicamente ativa, aposentada ou que vive de renda. Vale ressaltar que a pesquisa retrata um extrato da sociedade brasileira em que o baixo índice de poupança pode ser atribuído muito mais às suas decisões financeiras do que a capacidade de geração de renda.
Essa fotografia já vem sendo mostrada, em alguma medida, nos últimos três anos por essa pesquisa. A diferença é que, nos anos anteriores, a economia brasileira vinha, de certa forma, se recuperando positivamente. Já hoje, o contexto econômico global, impactado pela pandemia, agrava ainda mais o que já era preocupante. O fato de os brasileiros investirem pouco faz com que, entre outras coisas, os deixem mais vulneráveis a crises que possam surgir.
Muitas famílias viram sua renda seriamente comprometida desde o início da pandemia, seja pelo desemprego, corte salarial ou queda brusca de receita no caso dos empreendedores. Aquelas que tiveram queda de renda, e não tinham dívidas nem investimentos, estão tendo que rever gastos domésticos para continuar no azul. Já as que, além de terem a renda comprometida ainda precisam honrar dívidas, têm de fazer um esforço adicional para não se verem ainda mais enroladas financeiramente.
Por sua dimensão, esta crise está afetando a todos de alguma forma, em maior ou menor grau. Estando ou não diretamente impactados do ponto de vista financeiro, todos devem refletir sobre seus gastos e começar um planejamento financeiro que lhes permita atravessar este momento com mais tranquilidade. Se engana quem pensa que apenas os não poupadores precisam rever seus hábitos financeiros em meio à crise. Apesar de estarem mais tranquilos do que os demais, os 44% dos brasileiros que têm um dinheirinho reservado também tem lição de casa. Não devem cair na armadilha de acessar sua reserva como primeiro recurso para manter o padrão de gastos. É preciso, assim como os demais, rever despesas do dia-a-dia, os desperdícios e olhar para gastos necessários com atenção com o objetivo de preservar por mais tempo os recursos poupados.
E como dizem por aí que “dinheiro na mão é vendaval”, em meio a tempestade é preciso ter cuidado redobrado. Com a ventos fortes, o que está na mão voa mais rápido e o que está por aí voa para mais longe.






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