Fonte: DCI

 

No momento em que governo, Congresso e sociedade se dispõem a discutir a possibilidade de mudanças na legislação trabalhista, cabe discutir questões peculiares sobre o espaço ocupado pelas mulheres nos indicadores econômicos e sociais relacionados a emprego.

 

No mundo todo, elas ocupam aproximadamente 40% dos postos, segundo estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Mas chegam a 57% das vagas de meio período, o que reflete aspectos positivos e também negativos da condição feminina.

 

O lado conveniente é que os empregos de meio período são mais compatíveis com a rotina de profissionais que são mães, por exemplo. O ângulo desfavorável é que a maior parte dos postos com jornada mais curta é de trabalho precário, requisitado com frequência irregular e muitas vezes mal remunerado.

 

Os dados mostram ainda maior presença de mulheres nos empregos temporários. No Japão, elas superam em mais de quatro vezes o número de colegas do sexo masculino. No Brasil, onde a discussão sobre a reforma trabalhista envolve em paralelo a revisão das regras do trabalho temporário, elas também são maioria nessa categoria.

 

Em alguns casos, diz a OIT, a explicação para o fenômeno está em reformas com o objetivo explícito de colaborar para a maior inserção da mulher no mercado de trabalho. Mas também reflete seu poder de barganha reduzido, que as mantém mais suscetíveis a aceitar vagas com salários baixos e menos estabilidade.

 

As vagas de meio período e o trabalho temporário são ferramentas efetivas para a maior participação das mulheres no trabalho, diz em artigo a economista da OIT Mariya Aleksynska, Mas é importante que o direcionamento para esse tipo de emprego seja voluntário e não induzido pela falta de alternativas. Também é essencial que as vagas ofereçam condições equivalentes, ainda que proporcionalmente, às dos postos de trabalho convencionais. Sem isso, medidas destinadas a apoiar a mulher acabam sendo utilizadas como reforço do preconceito.