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14/02/2020 - 08h21

FUP e centrais pedem e Maia e Alcolumbre vão intermediar greve na Petrobrás

Fonte: Rádio Peão Brasil / CUT Brasília
 
Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, se comprometeram a intermediar a greve dos petroleiros contra a demissão de mais de mil trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) de Araucária, no Paraná, que teve início no último dia 1º.


 
O compromisso foi feito durante audiência realizada nesta quarta-feira (12), na residência oficial do Senado, com os presidentes da CUT, Sérgio Nobre, da Força Sindical, Miguel Torres e da UGT, Ricardo Patha, representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), parlamentares do PT, PCdoB, Psol e Solidariedade.
 
“Temos que fazer com que o parlamento seja ponte de diálogo”, afirmou Alcolumbre durante a reunião, solicitada pela CUT e FUP. O presidente do Senado ainda disse que o Congresso deve retomar sua legitimidade de discutir a venda de subsidiárias da Petrobras. Isso porque, em junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as vendas ou perdas de controle acionário de subsidiárias de estatais não precisam do aval do Congresso.
 
Embora de forma lacônica, Rodrigo Maia concordou com o encaminhamento. “Vamos ligar para Paulo Guedes”, disse o presidente da Câmara dos Deputados se referindo ao ministro da Economia, pai do programa de privatização do governo de Jair Bolsonaro, cuja estratégia é fechar, demitir trabalhadores, estimular o desmanche para facilitar a venda das estatais brasileiras.
 
“Foi uma vitória importante nossa ter os presidentes da Câmara e do Senado concordando que a Petrobrás é uma instituição de desenvolvimento para o país, e que esses processos de privatização não podem ser feitos como vêm sendo, bem como a questão das demissões dos trabalhadoras da Fafen. Eles entenderam a gravidade do problema”, disse o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre.
 
Trabalhador petroleiro, o secretário de Comunicação da CUT Nacional, Roni Barbosa, avalia que a reunião com os presidentes da Câmara e do Senado “conseguiu demonstrar a necessidade de diálogo para resolução da greve petroleiros”.
 
Estão parados os petroleiros de 50 plataformas, em cinco estados do país – Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Norte. No total, nesta quarta-feira (12), são 108 unidades em greve, em 13 estados, com mais de 20 mil petroleiros mobilizados.
 
“Acreditamos que esse encontro possa trazer resultados positivos para que os petroleiros possam ter uma negociação efetiva depois desses 12 dias de greve”, afirma Roni.
 
Ele ainda valorizou a postura de trazer de volta para o Congresso Nacional a decisão sobre a privatização das subsidiárias da Petrobrás. “Hoje o que acontece é o fatiamento da empresa, a criação de subsidiária para vender a estatal. Essa é uma forma de burlar a decisão do Supremo e fazer a privatização sem discutir com a sociedade”, explica Roni Barbosa.
 
Para o dirigente da Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT (CNQ/CUT) e do Sindpetro Unificado-SP/FUP, Itamar Sanches, Maia e Alcolumbre “fizeram mais que do esse governo federal fez, que é intermediar”.
 
“Eles nos receberam, nos escutaram e disseram que farão a interlocução. Sabemos que eles não resolvem, mas podem construir a solução”, avalia o petroleiro de São Paulo.
 
Também presente na reunião desta quarta, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), lembrou que os presidentes da Câmara e do Senado “têm feito a interlocução com o governo federal em outros temas, e isso tem surtido efeito em alguns momentos”. “Saímos daqui com alguma conquista, mas é preciso vigiar, é preciso continuar o trabalho”, alerta.
 
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, ressalta que a unidade dos trabalhadores deve permanecer até o último momento para fazer com que Petrobras respeite o acordo coletivo de trabalho, negocie em alto nível com as direções sindicais e pare de demitir e precarizar as condições de trabalho. “O apoio dos presidentes da Câmara e do Senado fortalece ainda mais a luta”, comemora o sindicalista.
 
Próximos passos
 
Embora a reunião da CUT, FUP e parlamentares com os presidentes da Câmara e do Senado tenha gerado resultado positivo, o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, pondera que ainda não há a efetividade de uma mesa de negociação e, por isso, as ações para impedir a demissão dos mais de mil petroleiros vai continuar.
 
Para além da continuidade do trabalho de convencimento no Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde está o dissídio de greve da Petrobrás, Nobre disse que está confirmado a realização de um ato em apoio à greve dos petroleiros na próxima semana. A ação será realizada em frente ao edifício sede da estatal no Rio de Janeiro, com a participação de várias centrais sindicais, parlamentares, governadores, organizações da sociedade civil. No espaço, trabalhadores da Fafen e suas famílias realizam vigília 24 horas por dia desde 20 de janeiro, seis dias após a imprensa informar a demissão em massa.
 
O presidente da CUT Nacional ainda alerta para a importância do convencimento da sociedade sobre o papel estratégico da Petrobrás e a necessidade do apoio à greve da categoria.
 
“Esse convencimento da sociedade é também uma tarefa nossa, das entidades cutistas. É importante que todos nós façamos jornais, matérias, vídeos sobre a greve dos petroleiros e a importância da Petrobrás para o povo e para o Brasil”, orienta Nobre.
 
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