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06/10/2020 - 08h43
Gestão da APS (Codesp) é mais do mesmo
Fonte: AssCom Sindaport

Almejada há quase 40 anos pelos mais diversos segmentos e interlocutores que atuam no Porto de Santos, a tão aguardada gestão técnica para comandar a Santos Port Authority (novo nome da Codesp), empresa estatal que administra o complexo portuário local, nem bem saiu do discurso e já começa a naufragar.
Diferente de seu antecessor, Casemiro Tércio Carvalho, que pautou sua gestão (fevereiro/2019 a abril/2020) com questões técnicas e estratégicas, ainda que algumas questionáveis e até controversas, tais como o polêmico PDZ, concessão das avenidas perimetrais, decoração de ambientes, dentre outras mirabolantes ideias, o atual presidente, Fernando Biral, vem dedicando sua carga laboral diária bem remunerada com o claro, único e exclusivo propósito de reduzir o quadro funcional da APS.
Após assumir o posto, no final de abril, o novo mandatário tratou logo de mostrar seu cartão de visitas, bem como dar sua inestimável contribuição para os alarmantes índices de desemprego que assolam o país, demitindo, sumariamente e em plena pandemia, 38 trabalhadores com larga experiência e extensa ficha de contribuição para o progresso e desenvolvimento da companhia responsável pelo cais santista.
Ao contrário do midiático Casemiro, o mandatário da SPA prefere a discrição como característica de gestão para, sem alarde e de forma sorrateira, se autopromover junto aos seus superiores hierárquicos do Ministério da Infraestrutura e Secretaria de Portos, prioritariamente à custa da demissão de pais de família e do aumento do desemprego na cidade de Santos e demais municipalidades que compõem a Baixada Santista.
Nesse quesito, ao contrário das múltiplas qualificações profissionais, conhecimento, experiência, competência e aptidões que o cargo máximo de uma empresa de tamanha magnitude exige, tal qual a SPA, em pouco mais de cinco meses no cargo o mandatário Biral já evidenciou sua mais absoluta vocação apenas para a área de Recursos Humanos.
Tamanha habilidade e predisposição no trato do capital humano vêm sendo útil não apenas para demitir empregados de carreira que ajudaram a escrever as mais importantes páginas da história da empresa, bem como para substituí-los por apadrinhados políticos partidários sob o nefasto manto do chamado "cargo em comissão”.
"Ao que parece, a tal necessidade de readequar a estrutura da companhia para um cenário de desestatização nada mais é do que um pretexto para que a atual administração possa promover demissões injustificadas e ao mesmo tempo atender a interesses viciosos, antigos e de conhecimento de toda a comunidade portuária local, com a contratação de pupilos favorecidos e já habituados a flutuar pelas mais diversas empresas públicas", afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), João de Andrade Marques.
Já descontentes com a onda de demissões, a insatisfação das lideranças sindicais e empregados da docas paulista tomou corpo na última quinta-feira (1º), depois que a SPA obteve a autorização, de Brasília, para empregar mais 10 protegidos percebendo salário médio de R$ 25 mil acrescidos de benefícios diretos e indireto.
Considerados os devidos encargos, o apadrinhamento autorizado na semana passada vai aumentar a folha salarial da companhia em aproximadamente R$ 430 mil/mês, cabendo lembrar que os dez novos "portuários" se juntam a outros 30 já contratados pela SPA com as mesmas bases e sob idênticas condições, tudo dentro do limite máximo agora permitido para o acolhimento de até, pasmem, 40 afilhados.
Na avaliação de João de Andrade, a SPA erra ao abrir mão de seu capital intelectual. "Estão desligando profissionais renomados e altamente qualificados para contratar pessoas que jamais viram um complexo portuário ou sabem como funciona o segmento, ou seja, gente com a ‘inexperiência’ adquirida no Porto da Lagoa Paranoá, que opera em Brasília exportando profissionais apaniguados por políticos com as bênçãos da máquina estatal. Em resumo, uma gestão que apresenta como novidade mais do mesmo."
As constantes trocas nos cargos comissionados existentes nos primeiros escalões da empresa também foram observadas pelo sindicalista. "Ao que tudo indica, as sucessivas mudanças em posições consideradas estratégicas, tais como chefias de gabinetes, principais assessorias e outras relevantes, evidenciam o grau de dificuldade que a SPA está tendo para atender as inúmeras demandas, ou melhor, os muitos pedidos para poder acomodar todo mundo."
Nas mãos do Governo Federal desde novembro de 1980, quando terminou o período de administração e exploração do porto por meio de concessão à iniciativa privada, a Autoridade Portuária de Santos se notabilizou não apenas por ser responsável pelo maior e mais importante complexo portuário da América Latina, mas principalmente por ser utilizada como balcão de negócios para loteamento de cargos públicos, pelo qual passou a ser nacional e pejorativamente conhecida como "mamãe Codesp".
Com a pecha, a companhia virou alvo de disputas políticas e, sobretudo, moeda de barganha por parte dos governos que se sucederam ao término do Regime Militar (1964/1985), obtendo, inclusive, notoriedade através de infindáveis matérias veiculadas pela imprensa de todo o país, com destaque para a local, como a publicada pelo periódico A Tribuna de Santos, na edição da última sexta-feira (02).
Ao fim da matéria assinada pela competente jornalista Fernanda Balbino, a fragilidade da nota emitida pela SPA diante dos fatos não deixa nenhuma dúvida de que Fernando Biral (com seus 40 afilhados) não apenas contradiz seu falacioso discurso supostamente técnico bem como, à exemplo de gestores passados que por aqui chegaram e logo partiram sem deixar saudades, segue firme e forte no comando do leme da politicagem, navegando em direção à vala comum.






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