Fonte: FalaSantos

 

 

Se já havia um indicativo de greve nos portos públicos em razão das investigações desencadeadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os principais dirigentes sindicais portuários do Brasil e alguns  políticos aliados à categoria,  a paralisação das atividades é praticamente certa após o Governo Federal voltar atrás e anunciar que não mais promoverá as mudanças reivindicadas e acordadas com os trabalhadores na Medida Provisória 595. 

 

O recuo foi anunciado pelo relator da MP, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), na tarde desta terça-feira, no Congresso Nacional, em Brasília, e revoltou os diversos dirigentes sindicais e trabalhadores presentes na reunião, que contou ainda com a presença de alguns parlamentares e empresários do setor. O relatório não foi apresentado.

 

Um dos mais indignados com a notícia é o presidente do Sindicato dos Operadores de Guindastes e Empilhadeiras (Sindogeesp). "Viemos em todas as reuniões e audiências, gastamos dinheiro, tempo e o que vimos aqui hoje (ontem) foi uma vergonha e uma falta de caráter dos governantes, principalmente da presidenta Dilma Rousseff que mentiu e traiu os trabalhadores dos portos". 

 

Para o presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Rodnei Oliveira da Silva, a mandatária faltou com a verdade ao garantir que os portuários teriam seus direitos mantidos pela MP. "Foi mentirosa e a prova dessa falácia está aí para o Brasil inteiro ver quem ela realmente é". De acordo com o sindicalista, ao rasgar o acordo feito com as lideranças há cerca de duas semanas, Dilma ratificou a traição. "Mostrou sua verdadeira face e entra para história pela porta dos fundos". Rodnei garante que os portuários darão a resposta nos próximos dias.

 

Presentes no encontro, representantes da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e Federação Nacional dos Conferentes, Consertadores, Vigias e Trabalhadores de Bloco (Fenccovib) convocarão uma plenária nacional na próxima semana para definir a paralisação dos portos estatais.  

 

O presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, também se mostrou decepcionado. "Viemos aqui como homens, trabalhadores, dirigentes, e acima de tudo como cidadãos, para no final das contas sermos tratados como verdadeiros moleques e enganados por um governo que ajudamos a eleger". Cirino avalia que a investigação da Abin, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, significa um grande retrocesso para a política do País.

 

"Podem investigar a vontade porque o que estamos reivindicando é a garantia do nosso mercado de trabalho e o sustento da grande família portuária", disse o presidente do Sindicato do Bloco, Jozimar Bezerra de Menezes, também presente na reunião. Para Jozimar, o Governo passou os últimos três meses fazendo apenas um jogo de cena com os trabalhadores. "Agiu de maneira deliberada para no final roer a corda".