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26/09/2018 - 03h22

Guerra comercial afeta pouco o emprego no Brasil

Fonte: Valor Econômico
 
Entre as maiores economias do mundo, o Brasil é a menos afetada em termos de emprego pela intensificação da guerra comercial deflagrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, segundo levantamento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
 
Em seu "Interim Economic Outlook Forecasts", a OCDE alerta que as tensões comerciais, com a imposição de sobretaxas, seguidas de medidas retaliatórias, já começaram a elevar os custos, e que sua intensificação prejudicará investimentos, crescimento e empregos.
 
A entidade fez uma comparação entre as maiores economias, envolvendo o emprego (na indústria e nos serviço) que depende da demanda final estrangeira. O resultado é que na Alemanha, um dos maiores exportadores mundiais, mais de 40% dos empresas dependem dessa demanda externa.
 
Na China, essa dependência era de 27,6% em 2005, mas caiu para 19,4% em 2015, refletindo a estratégia chinesa de focar o crescimento cada vez mais na demanda doméstica. No México, fica em 22,7%.
 
No Brasil, pelos dados da OCDE, menos de 15% desses empregos dependem da demanda externa, o que corresponde a cerca de 8 milhões de vagas. Essa fatia é a menor entre as grandes economias, o que se explica pela menor integração do Brasil na economia mundial. O restante dos trabalhadores brasileiros não verá impacto direto de uma escalada da disputa comerciais pois seus empregos dependem mais da demanda interna.
 
Os custos da guerra comercial já começaram a aparecer. Nos EUA, as importações de máquinas de lavar, painéis solares, aço e alumínio começaram a cair (em termos de valor) no primeiro semestre do ano, após a imposição de sobretaxas. Ao mesmo tempo, os preços nos EUA aumentaram fortemente nos setores afetados. O preço ao consumidor para máquinas de lavar aumentou 20%. Produtos siderúrgicos subiram 18,6% até agosto.
 
Já as exportações de carne suína e veículos pelos EUA caíram com a retaliação imposta pela China, e não cresceram em direção de outros mercados. Em contrapartida, as exportações de soja para a China cresceram muito antes da adoção de sobretaxa por Pequim.
 
A OCDE calcula que o custo das importações em geral (bens e serviços) pode aumentar para os EUA em mais de 2,5%, e os preços ao consumidor, entre 0,3% e 0,4%. Se mais tarifas forem aplicadas às importações de carros chineses, o impacto sobre o preço em geral aumenta para mais de 1%.
 
Na China, as tarifas maiores sobre produtos importados dos EUA podem elevar os custos em cerca de 1%, mas isso é, em parte, compensado pela menor alíquota de importação de carros.
 
Certo mesmo, segundo a OCDE, é que em meio à crescente tensão o crescimento do comércio global em volume ficou em 3% no primeiro semestre, comparado a 5% em 2017. As ameaças de Trump e anúncios de retaliação por parceiros já afetam negativamente os planos de investimento das empresas, que refletem a incerteza com relação aos riscos de ruptura das cadeias globais de valor.
 
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