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28/08/2014 - 01h19

Macaé luta contra os males do progresso

Fonte: Valor Econômico

Desenvolvimento Demanda colocou cidade na 42ª posição na lista dos maiores PIBs do Brasil
 


O petróleo move a cidade de Macaé, no Norte Fluminense. O município de 222 mil habitantes é responsável por cerca de 80% da produção petroleira nacional, e por 47% da produção de gás natural do país. Essa concentração atraiu um parque industrial ligado à cadeia produtiva do petróleo e garantiu um crescimento de proporções chinesas à economia do município: 12% ao ano, em média.
 
O aquecimento atraiu redes de hotéis de luxo como Sheraton e Blue Tree, transformou a cidade na sede da Brazil Offshore, terceira maior feira global da indústria, e colocou Macaé na 42ª posição na lista dos maiores PIBs do país. Apesar disso, o crescimento acelerado também trouxe problemas. A infraestrutura urbana e os serviços de saúde foram sobrecarregados, e a falta de planejamento habitacional provocou favelização.
 
"A cidade alaga quando chove, faltam hospitais, a criminalidade aumentou e o IPTU aumenta 30% ao ano", enumera Adriana Pereira, diretora da empresa logística Pinamak, em Macaé desde os anos 1980. Para ela, a cidade não tem condição de absorver o fluxo migratório atraído pelo petróleo, o que é agravado pela falta de políticas públicas. "Os prefeitos sempre distribuíram lotes de maneira desordenada, estimulando a criação de favelas ao lado das empresas." "Isso cria um curral eleitoral", continua Adriana. Para ela, é preciso frear o fluxo imigratório. "Essas comunidades precisam ser realocadas em áreas dignas."
 
Aluízio dos Santos Júnior (PV), prefeito de Macaé desde 2013, informa que a prefeitura vem investindo na reurbanização das áreas carentes da cidade. "No bairro de Lagomar, por exemplo, onde vivem 35 mil pessoas, rigorosamente todas as ruas, becos e vielas estão sendo calçados ou pavimentados, recebendo rede de drenagem e calçadas", diz. "Os bairros de Nova Holanda e Nova Esperança, comunidades nas quais as pessoas sequer conseguiram sair às ruas quando chovia, estão recebendo também rede de drenagem, calçamento, meios-fios e calçadas."
 
A Prefeitura de Macaé também tenta recuperar a rede de 103 escolas municipais, muitas delas em estado de abandono. Segundo Aluízio, 13 novas escolas foram inauguradas "A prefeitura já cumpriu a meta da Lei de Diretrizes e Bases para 2016, que era de colocar todas as crianças entre 4 e 5 anos na escola. Quanto às creches em período integral, já chegamos a 75% das crianças a partir de 2 anos."
 
Macaé luta ainda contra um déficit histórico de saneamento básico. Há poucos anos, a cidade tinha zero por cento de tratamento de esgoto. Hoje, esse índice é de 10%, depois de uma Parceria Público-Privada com a Odebrecht Ambiental e deve chegar a 35% até o final do ano. Com isso, foi possível liberar para o banho a Praia da Lagoa.
 
Em meio a tantos problemas, a cidade também precisa desafogar sua infraestrutura logística e de mobilidade urbana. A Prefeitura concluiu recentemente a interligação com a vizinha Rio das Ostras, por onde passam 30 mil trabalhadores diariamente.
 
No entanto, outras obras são necessárias para dar mais eficiência à indústria petroleira local, especialmente com o aumento na demanda logística, criado pelo crescimento da produção. Um dos projetos mais urgentes é a construção de um novo porto, o Terminal Logístico de Macaé (Terlom). A expectativa é de que o novo Terminal - que será construído pela Queiroz Galvão - comece a operar parcialmente em 2016.
 
O novo porto ficará próximo ao Terminal de Cabiúnas, operado pela Petrobras, e fora do perímetro urbano. O projeto prevê a interligação com as principais rodovias de acesso ao município, a partir de um arco rodoviário que vai integrar as regiões norte e sul da cidade. A ideia é criar um ponto de apoio logístico para a exploração e produção do pré-sal nas Bacias de Campos e Santos. "A obra é fundamental, e a localização é correta", defende Adriana. "Hoje, o Porto de Macaé está próximo ao Centro da cidade, não tem área de manobra adequada e provoca frequentemente um engarrafamento de carretas em áreas residenciais. Para operar com eficiência, deveria receber no máximo 40% da carga que movimenta atualmente."
 
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