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04/12/2020 - 08h24

Menos pessoas empregadas afeta a produtividade da indústria, aponta IBGE

Fonte: Valor Investe
 
Com grandes contingentes fora do mercado de trabalho, diz representante do instituo, há massa salarial restrita que tem impacto na demanda e limita os avanços da indústria
 
Embora tenha crescido 1,1% em outubro, a sexta alta seguida na comparação com o mês anterior, o crescimento da produção industrial vem desacelerando mês a mês desde junho, quando cresceu 9,6%.
 
Essa desaceleração reflete taxas negativas em duas das grandes categorias econômicas, as de bens intermediários (-0,2%) e bens semiduráveis e não duráveis (-0,1%). Somadas, essas duas categorias têm um peso de 80% na indústria brasileira, sendo que bens intermediários representa 55% do total. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje a sua Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF).
 
O gerente da pesquisa, André Macedo, afirma que o resultado de outubro reflete uma acomodação do índice, que após cinco meses de altas significativas passou a ter uma base de comparação maior, mas, também, a resiliência da taxa de desemprego, que ficou em 14,1% em outubro segundo o IBGE.
 
Com grandes contingentes fora do mercado de trabalho, diz, ele, há massa salarial restrita que impacta a demanda e limita os avanços da indústria. Na prática, para sustentar taxas de crescimento maiores na produção dos próximos meses, é preciso que a economia gere mais emprego e renda, porque o efeito de retorno da atividade industrial com a flexibilização do isolamento, sobre as taxas, começa a se neutralizar.
 
“Pensando em demanda doméstica, massa salarial, se tem muita gente fora do mercado de trabalho, isso é sim um fator limitador. É claro que o desempenho da indústria passa por outras variáveis, como comércio internacional, mas o fator doméstico pesa. A trajetória ascendente tem a ver com recuperação do emprego, mas ainda há um contingente muito grande fora do mercado, o que limita o consumo e a demanda da indústria”, diz Macedo.
 
O especialista afirma que ainda é cedo para apontar uma correlação entre a desaceleração do setor e a redução do auxílio emergencial, que vinha sustentando a demanda por produtos diversos em um cenário de baixa no consumo de serviços devido ao isolamento social. Ainda assim, diz ele, é provável que a redução do benefício impacte a produção indiretamente.
 
“Intuitivamente, com o auxílio emergencial pela metade e depois retirado, haverá consequência sobre consumo e produção, mas como isso vai ser ainda não podemos dizer, temos que esperar as informações dos próximos meses”, disse.
 
Com relação aos 26 ramos acompanhados pelo IBGE, 11 recuaram ante setembro, indicando um menor espalhamento do crescimento do que nos meses anteriores, quando mais ramos avançaram. Quedas importantes em outubro aconteceram no ramo do fumo (-18,7%), mas também perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-4,2%), produtos alimentícios (-2,8%) – relacionado a quedas na produção de soja e açúcar – e bebidas (-0,3%). Entre os destaques positivos, surgem os ramos de impressão e reprodução de gravações (+18,9%), couro e calçados (+5,7%), veículos, reboques e carrocerias (+4,7%) e máquinas e equipamentos (+2,2%).
 
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