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31/10/2014 - 05h07

Mercado de trabalho entra em ritmo menos favorável

Fonte: Extra

Apesar de a taxa de desemprego ter caído em setembro para 4,9%, mantendo-se no menor patamar desde 2002, a expectativa unânime de especialistas para 2015 é de uma gradual elevação da desocupação, diante do ritmo fraco da atividade econômica. O próximo governo terá que lidar com um novo perfil do mercado de trabalho enquanto tenta controlar a inflação e ajustar as contas públicas.
 
Estudo interno do Ministério do Trabalho indica a necessidade de criação de 1,8 milhão de postos formais por ano, incluindo setor privado e público, para absorver o contingente que chega ao mercado de trabalho e os desempregados em busca de recolocação. Com a economia fraca, a expectativa é que a geração total de empregos em 2014 fique abaixo de um milhão, um dos piores saldos dos últimos anos. E o cenário para 2015 não é mais animador.
 
— Já há uma desaceleração importante da geração de vagas e isso deve aumentar. É bastante provável que o desemprego suba. Ainda que a economia tenha algum aquecimento no início de 2015, há uma defasagem, o mercado de trabalho é o último a reagir — afirma o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea, Fernando Ribeiro.
 
DESACELERAÇÃO MÊS A MÊS
 
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o mercado de trabalho vem perdendo o vigor, sobretudo na indústria. A geração de empregos desacelera mês a mês, desde março, em relação aos meses de 2013, e retomou o nível do fim da década de 90 e início dos anos 2000. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, a ocupação parou de aumentar, mas a taxa de desemprego ainda não subiu porque há menos gente procurando trabalho. O movimento, no entanto, tende a mudar.
 
O professor do Instituto de Economia da UFRJ Antonio Licha destaca que a indústria vai mal e o setor de serviços, que vinha segurando a geração de empregos, agora parou de crescer:
 
— A economia está crescendo pouco. A taxa de desemprego deve chegar a uma média de 5,5% em 2015 — acredita.
 
Por outro lado, a renda continua subindo, o que afeta o controle da inflação: se limita a desaceleração do consumo, também é um limitador para trazer a inflação de serviços para um nível mais baixo.
 
O corte de postos de trabalho já é uma realidade na fabricante de bombas e compressores industriais Omel, com queda nas vendas em torno de 50% desde o ano passado, quando faturou R$ 40 milhões, metade do registrado entre 2008 e 2010. Com isso, a empresa, que tem 63 anos de existência, precisou reduzir seu quadro de funcionários de 187 para 130 empregados.
 
— Já tivemos 250 empregados em 2009. Não lembro de ter passado por uma crise tão forte quanto essa — diz Corrado Vallo, presidente da Omel, de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo.
 
Para minimizar a crise e manter o quadro atual, a ordem é “ir produzindo os equipamentos”, para estar pronto quando voltarem as encomendas.
 
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