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29/06/2015 - 03h37

O aperto econômico chegou ao emprego

Fonte: O Estado de S. Paulo
 
Ciclo do crescimento pelo consumo chega ao fim e demissões se tornam realidade em todas as regiões do País


 
O barulho de carimbos marca o ritmo dos dias na sala de rescisões contratuais do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sintracon), em São Paulo. Prepostos das empresas e funcionários dispensados conferem a baixa na carteira de trabalho, formulários para liberação de FGTS e a papelada do seguro-desemprego. Depois de anos de forte expansão, a construção está em fase de desaceleração, com efeito direto no emprego. O Sintracon processa mais de 2 mil rescisões por mês. Mas pelo menos alguém está contratando: o sindicato vai chamar mais um funcionário para reduzir a fila de espera dos trabalhadores, que hoje pode chegar a três meses.
 
As demissões na construção civil refletem tanto a redução dos lançamentos - em São Paulo, a queda foi de mais de 60% de janeiro a março, segundo o Secovi, sindicato da habitação - como a falta de perspectivas das companhias. Um levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) mostra que, em abril, o pessimismo dos empresários do ramo atingiu o nível mais alto em 16 anos. A construção não vive sozinha o período de baixa. O setor automotivo e de autopeças contabiliza milhares de demissões, reflexo do receio do consumidor em comprar bens de alto valor. De janeiro a maio, as vendas de carros caíram 20,93%, aponta a Federação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Fenabrave).
 
Os problemas dos diferentes setores estão refletidos pela taxa geral de desemprego de São Paulo, que subiu de 5% para 6,3% nos 12 meses encerrados em abril (ver quadro). Para o economista Ernesto Lozardo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o desemprego atual reflete a reversão da política econômica que “estimulou o consumo por decreto”. O ajuste fiscal é necessário, segundo ele, porque as medidas vendidas como “salvação da lavoura” trouxeram inflação e descontrole nos gastos que agora precisam ser revertidos nem que seja à custa do fechamento de vagas. “A fotografia atual do Brasil é a seguinte: as pessoas estão decepcionadas e sem horizontes.” É o que está refletido nesta segunda de uma série de três reportagens sobre os efeitos da crise econômica para as famílias e as empresas.
 
Na fila das homologações do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, o boliviano Félix Villca Gonzalez, 38 anos, via-se no fim de uma jornada de prosperidade. Chegou no Brasil há três anos e foi direto para as oficinas de costura. É quase um rito de passagem obrigatório. Os migrantes trabalham até 12 horas por dia e ganham pouco mais de R$ 1 por peça produzida. Apesar das difíceis condições de trabalho, o arranjo tem suas vantagens: há lugar para dormir e a chance de aprender português com quem chegou antes. 
 
Assim que foi possível, Gonzalez mudou de ramo. Trabalhou dois anos e meio como auxiliar de produção em uma fábrica de esquadrias de alumínio para a construção. Foi demitido em abril. Agora, com a rescisão no bolso, pretende esperar até quatro meses para arranjar um emprego. Caso não consiga, deve voltar para a Bolívia. “Aqui o custo é alto, pago R$ 450 de aluguel só para mim. Lá, pelo menos tenho a minha família”, diz. Ele não cogita a possibilidade de voltar às oficinas de costura. “É um trabalho quase escravo.”
 
No sindicato da construção, Edilson de Souza, 33 anos, também se prepara para deixar São Paulo rumo à sua “casa” - no caso, a pequena Flores, no sertão pernambucano. Ficou sete anos em São Paulo, sempre trabalhando na construção. Guardou o bastante para comprar uma casa na terra natal. “Aqui o aluguel é caro, viver lá é mais barato”, diz Souza, que mora em São Mateus do Sul, zona leste de São Paulo. “Só estou esperando vender meus troços, minha geladeira, meu fogão.”
 
O piauiense Maurício Barbosa da Silva, 35 anos, trabalhou por cinco anos como soldador de peças para carros em São Paulo. Com o salário de R$ 2 mil, pagava o aluguel e a pensão da filha. Demitido, decidiu voltar para o Nordeste e mudar de ramo. Com R$ 8 mil no bolso, vai trabalhar por conta própria. Já mandou dinheiro para ajudar a irmã a engordar o estoque de uma loja de confecções, na qual serão sócios, em Santana do Piauí. Para chegar lá, de ônibus, vai gastar três dias de viagem e R$ 450.
 
O pedreiro Francisco Solón de Lima, 33 anos, esperava sem reclamar a vez de entrar na sala de homologações. Precisou de paciência para chegar a esse momento: as demissões em massa o obrigaram a esperar três meses pela rescisão. Nos planos de Lima, por enquanto, só o retorno para Crato, no Ceará. Os meses parado consumiram quase toda a rescisão, de R$ 4,5 mil. Para viajar com a mulher e os três filhos, usará o seguro-desemprego. Chegando lá, algum de seus nove irmãos ajudará a encontrar trabalho. “O que não dá é para ficar aqui sem emprego e com cinco bocas para alimentar.”
 
Quem consegue se recolocar mesmo no atual cenário, muitas vezes é obrigado a aceitar um salário mais baixo. O encarregado em elétrica Aparecido Fernando Souza, 51 anos, trabalhou 1 ano e 10 meses recebendo R$ 2,6 mil mensais. Dispensado pela antiga empresa, o pernambucano de Salgueiro não teve de esperar muito por uma oportunidade. No dia em que foi fazer a homologação da antiga empresa, já tinha uma nova colocação, no mesmo cargo. O salário, porém, era de R$ 1,8 mil. “Estou sempre correndo atrás, passei a vida inteira trabalhando. Agora está difícil, mas o importante é não desistir.”
 
DO ESCRITÓRIO PARA A CASA DA MÃE
 
Rodolfo Calegari tinha escritório própria e dez funcionários; hoje, tenta reerguer empresa só com seu laptop
 
Rodolfo Calegari, 45 anos, já fez de tudo. Na adolescência, tentou a vida artística, como modelo e ator. Chegou a aparecer como figurante no programa do homem do sapato branco; mais tarde, fantasiou-se de Papai Noel para a apresentadora Eliana. Mas logo desistiu da vida de artista. “Não tinha padrinho”, lamenta. Depois de passar por empresas de turismo, foi tentar a vida em Fortaleza, como corretor de imóveis. Em 2013, a convite de um investidor, voltou a São Paulo e ao turismo rodoviário, sua especialidade. Dessa vez, não como funcionário, mas como dono. Abriu um escritório no centro de São Paulo, na esquina das Avenidas Ipiranga e Rio Branco. Tinha dez funcionários e um banco de recepcionistas e turismólogos que era acionado sempre que um ônibus era fechado. Principais destinos: Thermas dos Laranjais e Campos do Jordão, em São Paulo, Ilha no Mel, no Paraná, e um pacote para praias de Santa Catarina.
 
Não demorou muito, no entanto, para uma sucessão de reveses desabar sobre a FCT Turismo. A Copa do Mundo foi o primeiro: “O turismo rodoviário simplesmente travou”, diz Rodolfo. Parecia que era só um soluço. Era só ter paciência, apertar o cinto, que logo tudo voltaria ao normal. Mas vieram as eleições e, em 2015, a crise econômica fez o público-alvo das viagens rodoviárias, a classe média, segurar os gastos com lazer. Como se não bastassem os desafios de mercado, nesse meio tempo, um incêndio atingiu o escritório da FCT. Pouco mais de um ano depois de realizar seu sonho, Calegari se viu obrigado a desistir dele para não ver as dívidas crescerem ainda mais.
 
Retorno. Só entregar as chaves do escritório não foi suficiente. A crise fez Calegari deixar o apartamento alugado em que morava na Vila Mariana e voltar para a casa da mãe, Júlia, de 72 anos. Desfez-se de toda a mobília da casa, que foi distribuída às pressas entre os parentes. Voltou à estaca zero. Os funcionários ainda mandam para Calegari mensagens via WhatsApp para saber se há alguma viagem programada, mas o empresário diz que a FCT, por ora, está em “stand-by”. É necessário esperar o mercado melhorar antes de novos investimentos.
 
A empresa hoje resume-se ao laptop antigo de Calegari. É ali, em um quarto apertado na pequena casa da mãe, que ele tenta reerguer seu negócio. Dorme em um sofá-cama e passa o dia fazendo contatos. É um arranjo simples, mas ideal para alguém que tenta se reerguer: “Aqui não tenho custo de moradia.” Para mostrar que está em “stand-by”, e não totalmente fora do jogo, o empresário ainda faz umas viagens aqui e ali. Recentemente, organizou o traslado de 30 pessoas para o Porto de Santos. “É o tipo de coisa que não me cobre nem o custo, mas serve para mostrar que estamos no mercado ainda.”
 
Calegari admite, no entanto, que parte dos problemas está ligada ao posicionamento da FCT. Ele tenta oferecer um serviço rodoviário “premium” em um mercado pautado pelo custo. “Os brasileiros não olham o benefício. Oferecemos a viagem de um dia para Campos do Jordão em ônibus com sala de entretenimento, manta, travesseiro, café da manhã e guia homologado, por R$ 154”, diz o empreendedor. “O meu concorrente não oferece isso, mas cobra R$ 120. E o turista vai com ele.”
 
Apesar de todas as dificuldades, Rodolfo não dá sinais de que vai desistir. Está dando os últimos retoques em um ônibus que vai para Campos de Jordão no próximo fim de semana - se der sorte, bem no auge do frio. Além disso, está negociando a organização de viagens de três grêmios empresariais. Sua meta é sair do buraco financeiro e provar que seu mantra de negócios é real: “Turismo rodoviário é coisa séria”.
 
NO CEARÁ, COMUNIDADE SENTE FIM DA BONANÇA NA PELE
 
Após viver temporada de crescimento, comunidade Vilares da Serra se adapta aos tempos de crise
 
A vida na comunidade Vilares da Serra, na região do Novo Maranguape, nunca foi fácil. Há dez anos, os moradores da antiga favela construíram, em regime de mutirão, com dinheiro repassado do Banco Mundial, as 200 casas do bairro. Inicialmente, seriam duas casas geminadas, separadas por um pequeno quintal. Mas, entre o projeto e o início da construção, parte do orçamento ficou pelo caminho. E, assim, todos na comunidade vivem literalmente juntos: 8 fileiras de 25 casas, com 4 metros de frente e 33 metros quadrados de área total. 
 
Com a casa própria arduamente conquistada, a comunidade parecia destinada a uma trajetória ascendente que jamais se reverteria. Nos últimos dez anos, os “filhos” de Vilares da Serra entraram na universidade, moradores fundaram pequenas empresas. Alguns conseguiram ampliar a casa e comprar um carro.
 
Nesses bons tempos, o galpão da casa de Josineide Cavalcante de Castro, de 40 anos, era dominado pelo barulho de zigue-zague das máquinas de costura industriais que trabalhavam em ritmo frenético. As confecções que terceirizavam o trabalho para Josineide precisavam entregar os trabalhos. Para abrigar as dez costureiras que trabalhavam em tempo integral, o marido da empreendedora, Marcelo, construiu um galpão ao lado da casa - Josineide mora em uma rua próxima ao conjunto Vilares da Serra e tinha espaço no terreno para ampliar sua residência.
 
A correria tinha razão de ser: há três anos, a equipe produzia 13 mil peças por mês. A confecção pagava R$ 1,40 por unidade, o que se traduzia em um faturamento de R$ 18 mil. Era o suficiente para pagar todas as funcionárias - uma dezena de costureiras e uma faxineira, cuja principal tarefa era se livrar dos retalhos de tecidos que se avolumavam pelo chão e organizar as pilhas de roupas que tinham de ser entregues sem falta na manhã seguinte.
 
Agora, o movimento caiu tanto que Josineide dispensou todas elas. Maria Eliete de Souza, 46 anos, a antiga faxineira, só faz visitas de cortesia à antiga patroa. O trabalho disponível hoje não chega a render R$ 1.000. As 15 máquinas de costura - havia uma “reserva” para casos de manutenção - estão pegando poeira. “Esses dias veio uma mulher aqui me oferecer uma máquina por R$ 400. Estava barato. Mas não tinha razão para eu comprar”, diz Josineide. A carga de trabalho é tão leve hoje que a ex-empresária dá conta de costurar e fazer o almoço ao mesmo tempo. O movimento se resume aos cães, que passam de vez em quando pedindo carinho, e aos frangos, fugidos do galinheiro, que bicam o chão sem parar, em busca de migalhas de pão.
 
Fim da bonança. Essa brusca mudança de realidade já é percebida nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística relativos ao Nordeste. A pesquisa de emprego, feita em duas regiões metropolitanas nordestinas - Salvador e Recife -, mostra uma piora do cenário mais acentuada do que em outras capitais, como São Paulo. O desemprego em Salvador passou a marca de 11% em abril - o maior em cinco anos. Não é um cenário muito diferente da taxa de 13% de 2003, primeiro ano do governo Lula. No Recife, o desemprego é mais baixo (7,8%), mas dados do Caged, do Ministério do Trabalho, mostram a rápida deterioração do emprego formal. Nos 12 meses encerrados em abril, foram fechadas 49,5 mil vagas com carteira assinada no Recife e cidades próximas.
 
Para o consultor econômico Raul Velloso, o ano de 2015 marca o fim de um período de pleno emprego que durou aproximadamente uma década. “A política econômica dos últimos dez anos visou a estimular o consumo de todas as formas possíveis. A crença era de que o investimento e a ampliação de capacidade viriam atrás. Mas isso não ocorreu”, diz Velloso. Tanto foi assim, diz o economista, que a taxa de investimento sempre ficou abaixo do desejado - em 2014, voltou a ficar abaixo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e a previsão é de uma nova queda neste ano. “A indústria, apesar dos incentivos, encolhe porque não pode concorrer com a China. E o setor de serviços não tem crescido em ritmo suficiente para compensar isso.”
 
Perspectivas. A crise permeia as reuniões da associação de moradores de Vilares da Serra. A presidente da entidade, Fernanda Maria Pereira, 47 anos, hoje mora em uma casa cuja renda atual é zero. Um carrinho de algodão doce e pipoca, comprado para auxiliar a renda durante as festas juninas, jamais saiu do lugar. Houve uma mudança no cadastro dos vendedores ambulantes da prefeitura - e Fernanda acabou ficando de fora. O filho Fernando, 31 anos, está desempregado e esperava a resposta do Fies, programa de financiamento do governo federal, para saber se continuaria a estudar. “Eu tenho fé em Deus de que vou conseguir”, disse ele, embora o prazo de prorrogação de contratos tenha sido encerrado em 30 de abril, bem antes da visita do Estado a Maranguape.
 
Apesar das dificuldades, há espaço para solidariedade na casa de Fernanda. Há três anos, ela abriga a amiga Francisca Osani, 47 anos, que teve problemas com a filha, viciada em drogas, que a ameaçava de morte. Costureira conhecida pela rapidez, Francisca ajudou, durante um bom tempo, nas contas da casa. Nos últimos meses, o trabalho foi rareando até parar completamente, em maio. “Faz uns 15 dias que eu não toco na máquina.”
 
Para mudar sua situação, e também a dos vizinhos, Fernanda tem um plano. Passar de presidente da associação a vereadora de Maranguape. Cada visita a um morador de Vilares da Serra é um passo rumo à eleição do próximo ano. Ela aprendeu, na prática, que é difícil conquistar votos. Mesmo tendo divulgado sua plataforma no último pleito em uma bicicleta com alto-falantes, não conseguiu convencer os mais próximos. Apesar de a comunidade ter mais de mil habitantes, teve só 70 votos
 
PADARIA VIROU DÍVIDA COM AGIOTA
 
Clébio de Lima, 28 anos, e sua família sempre foram um exemplo para a comunidade. Ele foi o primeiro dos moradores do conjunto Vilares da Serra a entrar na faculdade. Arranjou um bom emprego e até comprou um carro. Casado e pai de dois filhos, inspirou outros moradores a acreditar que eles também poderiam um dia se formar. Depois de conseguir o diploma em Ciências da Computação, chegava a ganhar R$ 3 mil por mês - um bom salário para a realidade do Ceará, frisa ele. Até o início de 2014, as ofertas de empresas não paravam de chegar. Era possível até escolher onde trabalhar. 
 
Como tudo ia bem, na economia e na vida, ele decidiu realizar um sonho no ano passado: virar empreendedor. Usou a rescisão do último emprego e, com um sócio, abriu uma padaria numa avenida que fica a cerca de 500 metros de sua casa. O investimento era alto, mas ele acreditava no potencial da ideia. Sem condições de conseguir um empréstimo em um banco, resolveu se arriscar: para completar o investimento, tomou R$ 13 mil emprestados de um agiota. A microempresa, que tinha custos fixos mensais de R$ 10 mil, entre aluguel, funcionários e despesas como água e luz, não durou um ano com as portas abertas.
 
Nos primeiros meses, tudo parecia ir bem. Ele chegava a vender entre 300 e 400 pães por dia. Desde o início de 2015, as coisas começaram a piorar rapidamente. Além de a população ter menos dinheiro para gastar, chegaram dois concorrentes: de repente, o bairro, que não tinha padaria nenhuma, passou a ter três. Os resultados foram piorando ao ponto que, trabalhando 12 horas por dia, Lima não ficava com nada depois de arcar com as despesas. Com as contas em casa se avolumando, cortou o mal pela raiz. Em abril, fechou as portas definitivamente.
 
A primeira providência foi começar a reduzir seu endividamento - afinal, os juros cobrados pelos agiotas podem fazer a dívida dobrar em questão de meses. O carro foi consumido pelo negócio que não deu certo. Para não ter de arcar com o aluguel, esvaziou rapidamente o ponto. Parte dos equipamentos foi vendida, enquanto outra foi devolvida a fornecedores. Mas ainda sobrou um balcão refrigerado - no qual eram expostos bolos e tortas -, que está no tempo, ao lado de sua casa, diante de um terreno baldio. Ao entrar na casa da mãe, precisa se desviar do misturador de massa. “Ainda quero empreender, é meu objetivo. Mas tenho de planejar melhor.”
 
Não há vagas. No momento, o foco de Lima é pagar as contas e se livrar dos agiotas. Já começou a mandar currículos e a ligar para ex-colegas, mas a situação do mercado de trabalho piorou muito. Passa o dia na internet em busca de oportunidades, mas até agora não foi chamado para uma entrevista. Quase não há vagas e, quando uma aparece, há diversos candidatos na disputa. Diante da realidade atual, já aceitou que provavelmente ganhará bem menos do que R$ 3 mil quando uma oportunidade surgir.
 
Lima mora nos cômodos que construiu em cima da casa da mãe. É Elizete, 51 anos, quem segura as contas nesses tempos difíceis. Ela acredita que o estudo vai ajudar o filho a se recolocar. Professora do 3.º ano do ensino fundamental, ela primeiro criou o filho e depois formou-se em pedagogia e geografia. Fez especialização em psicopedagogia e se prepara para um mestrado. Elizete não acha que o fracasso do projeto da padaria foi em vão: “Não foi um sucesso, mas ficou a experiência”.
 
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