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16/03/2022 - 10h02
Paralisação de hidrovias afeta credibilidade do modal, diz Abani
Fonte: Portos e Navios
A Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani) considera que o prejuízo para o segmento é muito grande toda vez que uma hidrovia é descontinuada. A associação observa que, em paralisações frequentes da atividade, como na Hidrovia Tietê-Paraná, o prejuízo não é apenas econômico, mas da própria credibilidade do modal. A avaliação é que se cria insegurança para quem utiliza o serviço, impedindo as empresas de firmar logísticas de transporte fluvial com a indústria e o agronegócio, que está em curva de crescimento nos últimos anos, além de gerar desemprego para uma mão de obra específica.
O segmento se sente prejudicado em razão da geração de energia hidrelétrica ao longo da bacia do Tietê-Paraná. “Não que queiramos privilégios sobre a geração de energia elétrica. Mas, na hora que falta água, o primeiro segmento penalizado é o transporte hidroviário. Torcemos que se busque um equilíbrio definitivo para utilização das hidrovias para escoamento dessa produção”, defendeu o presidente da Abani, Dodó Carvalho, em entrevista à Portos e Navios.
O entendimento da Abani é que faltam regras mais equilibradas para o uso múltiplo das águas, o que causa muitas vezes desvantagem da navegação interior em detrimento da geração hidrelétrica. Nos longos períodos em que a navegação fica suspensa em bacias como a do Rio Tietê, os clientes acabam optando por pagar mais caro pelo transporte rodoviário para não atrasarem suas logísticas. Essas questões, de acordo com a associação, prejudicam principalmente empresas de pequeno porte, que não conseguem manter suas frotas.
A partir desta terça-feira (15), os comboios que trafegam pela região estão autorizados a passar pela hidrovia, inicialmente, com calado de 2,40m. A promessa do Departamento Hidroviário de São Paulo, órgão estadual que regulamenta a hidrovia, é liberar o tráfego para 2,80m nos próximos 30 dias. A Abani estima que o ideal para que as barcaças naveguem 100% carregadas, sem maiores prejuízos, é de 2,70m em diante.
Com aproximadamente 2.400 quilômetros, a hidrovia do Tietê tem os pontos críticos principalmente na região de Nova Avanhandava, para qual existe um projeto de derrocagem de um pedral. A hidrovia, que teve o tráfego de embarcações interrompido em 2021 por conta da crise hídrica, é uma das principais hidrovias para escoamento da safra de grãos do Brasil para exportação. A Tietê-Paraná possui eclusas nas barragens de hidrelétricas e canais para viabilizar o transporte aquaviário na região, que inclui uma área de 76 milhões de hectares com porções de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o retorno da operação acontece por meio de ondas de vazão liberadas pelo reservatório da usina hidrelétrica de Nova Avanhandava (SP), que fica no rio Tietê. A agência informou que a elevação do nível d’água na hidrovia será parcial e ficará condicionada a essas ondas de vazão.
A ANA destacou que o prazo previsto para restabelecer o nível necessário para navegação plena no protocolo de compromisso firmado era 31 de maio, mas poderá ser atingido dois meses antes: em 31 de março. Em nota, a ANA pontuou que o reinício da navegação com restrições se tornou possível, nesta terça-feira (15), devido às chuvas acima do previsto e às ações da e das ações da ANA e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A retomada da atividade na região foi acordada após uma reunião no dia 7 de março com representantes do poder público e das empresas que atuam na hidrovia. Na ocasião, o ONS apresentou previsões operativas dos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) com dados sobre uma melhora nas condições dos reservatórios e nas perspectivas de armazenamento de água.
As empresas do segmento de navegação também enfrentam problema com a baixa altura das pontes que dificultam a passagem dos comboios. Para a Abani, não houve investimentos suficientes nos últimos anos para melhorar significativamente as condições para navegação na hidrovia, seja por parte dos órgãos estaduais, seja por parte da União.
O perfil dos comboios que trafegam pelo Tietê é de quatro barcaças, com 1.500 toneladas de capacidade de carga cada, e um empurrador, que permitem o transporte de 6.000 toneladas. Carvalho compara que, na hidrovia do Madeira, os comboios possuem 20 barcaças e um rebocador, podendo transportar 40.000 toneladas, em média. Quanto maior for o número de unidades do comboio, melhor o custo para transporte de grãos, reduzindo custos com combustível e tripulação.






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