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11/10/2017 - 09h19

Por que as empresas também são culpadas pela desigualdade de renda no Brasil

Fonte: IstoÉ Dinheiro
 
O que as companhias podem fazer para ajudar a reduzir as desigualdades
 
 
Reduzir as desigualdades econômicas é um dever do governo? Na visão dos painelistas que se apresentaram na Conferência Ethos 360°, não. O coordenador de campanhas da Oxfam Brasil, Rafael Georges, defendeu que as empresas têm um papel importante na redução da desigualdade de renda, inclusive na disparidade entre grupos como mulheres e negros.
 
Em primeiro lugar, ele ressaltou que foi a partir da Constituição de 1988 que a desigualdade de renda no Brasil começou a mostrar uma trajetória mais clara de redução. “A Constituição organizou os gastos sociais com educação e saúde, e isso abriu o orçamento das famílias para terem mais dinheiro para gastar com outras coisas, não só com o essencial”, diz Georges.
 
Outro fator importante foi o mercado de trabalho. Com a estabilização da economia, a redução do desemprego, o aumento da formalidade de emprego, além de uma inclusão maior da mulher no mundo do trabalho, o Brasil conseguiu reduzir a desigualdade de renda. No entanto, segundo Georges, o 1% mais rico da população brasileira (aproximadamente 2 milhões de pessoas) mantém entre 20% e 30% do total de renda do país. “Essa estabilidade de concentração de renda deve ser debatida dentro das empresas”.
 
O primeiro passo, defende a Oxfam, tem a ver com a transparência nos salários. “Ainda não há no Brasil dados sobre como as rendas são distribuídas dentro das empresas”, afirma Georges. Nesse sentido, seria necessário diminuir a diferença entre o maior e o menor salário dentro da mesma empresa. No mundo, estudos da Oxfam mostram que essa diferença tem aumentado, principalmente em grandes companhias. “A forma como as empresas optam por remunerar seus funcionários tem impacto na desigualdade de renda”.
 
Além disso, ele citou a questão da inclusão de grupos que ainda recebem menos. De acordo com dados da Pnad Contínua, 47% das mulheres brasileiras hoje não estão no mercado de trabalho. “Elas têm escolaridade superior à dos homens que estão fora do mercado, têm entre 30 e 50 anos e têm filhos”, diz o coordenador da Oxfam Brasil. “Se as mulheres conseguirem progredir melhor dentro da empresa, independentemente de terem filhos, conseguiremos diminuir a desigualdade de renda.”
 
Para melhorar a distribuição de renda entre homens e mulheres dentro das empresas, Rafael Georges citou planos de carreira mais claros e a ampliação da licença paternidade. “As empresas mais arrojadas que querem combater a desigualdade aumentam a duração da licença paternidade. Particularmente, a Oxfam defende licença parental, igual entre homem e mulheres”.
 
Por último, Rafael citou a questão racial. Para contribuir para a redução das desigualdades sociais, as empresas precisam ter políticas de inclusão da população negra. “Essa população não tem acesso aos cargos mais altos, às vezes sequer aos mais baixos. Isso precisa mudar”, diz. “É papel interno das empresas combater desigualdade de renda entre grupos populacionais no Brasil.”
 
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