Fonte: A Tribuna On-line

 

De janeiro de novembro de 2022, passaram pelo complexo santista mais de 150,4 milhões de toneladas

 

Mais de 150,4 milhões de toneladas passaram pelo Porto de Santos entre janeiro e novembro deste ano. A marca supera em 11,5% o volume movimentado no mesmo período de 2021 e é maior do que todas as operações realizadas no ano passado, quando 147 milhões de toneladas entraram ou saíram do País pelo cais santista. Embarques de commodities e contêineres explicam essa alta.

 

Os dados são da Santos Port Authority (SPA), a estatal que administra o Porto. No mês passado, as operações também registraram recorde, com 12,2 milhões de toneladas movimentadas. O volume representa um crescimento de 8,2% sobre o mesmo mês do ano passado e é a maior marca para o mês de novembro na história do cais santista.

 

Nos primeiros 11 meses do ano, os embarques apresentaram crescimento de 15,7%, chegando a 109,8 milhões de toneladas. Já os desembarques registraram alta de 1,5%, totalizando 40,6 milhões de toneladas.

 

As mercadorias do agronegócio continuaram a se destacar no acumulado do ano, principalmente a soja em grãos, com alta de 12,2%; o milho, cujas operações cresceram 85%; e a celulose, com incremento de 57,2%; além das carnes, com aumento de 29,4%.

 

“O complexo soja e milho deve ser responsável pelos cerca de 75% do aumento da movimentação. Tal fato decorre das pressões resultantes dos baixos níveis de estoque dos Estados Unidos, devido à quebra da safra americana 2019/2020 por fatores climáticos e, em parte por grandes compras chinesas. Outro aspecto do aumento dessas exportações foi a reconstrução do rebanho chinês de suínos – vitimado pela peste suína africana desde 2020. Há que se considerar que cerca de 65% do estoque mundial de milho e cerca de 30% do estoque mundial de soja estão na China”, afirmou o engenheiro e consultor portuário Marcos Vendramini.

 

Contêineres

 

A movimentação de contêineres também manteve crescimento, que chega a 5,3% comparado a mesma base do ano anterior, totalizando 4,6 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), também a maior marca para o período.

 

Todos os segmentos de carga apresentaram crescimento significativo e estabeleceram suas maiores marcas para o período. A carga geral solta cresceu 42,3%, somando 8,9 milhões de toneladas, com destaque para a celulose (7,4 milhões de toneladas).

 

“A movimentação da carga solta, entendo ser em função do aumento das exportações de celulose decorrente – por obvio – do aumento de preços internacionais sem precedentes. As razões principais são: a guerra na Ucrânia, cujas sanções à Rússia acabaram por afetar os fabricantes de papel finlandeses; greves em plantas da Finlândia; a necessidade de formação de estoque para contrapor o gargalo logístico dos portos que atrasa embarques em todo o mundo e projetos de novas plantas de celulose que deveriam entrar em operação entre 2021 e 2022 e foram adiados”, destacou Vendramini.

 

O especialista aponta, ainda, que a China é destino de cerca de 40% da produção brasileira de celulose. “Há grande possibilidade de que a embalagem de papel que embala o produto que você comprou na China seja originaria de uma plantação brasileira). EUA são destino de aproximadamente 20% da nossa celulose”.

 

Fatores positivos

 

Para o economista, especialista em Comércio Exterior e professor universitário Hélio Hallite, o ano de 2022 ficará marcado no Porto de Santos pelo recorde na movimentação de cargas, a chegada de supernavios aos terminais instalados no cais santista e a retomada dos cruzeiros marítimos. Contudo, ele faz um alerta.

 

"O ano de 2022 precisa ser concluído e concretizado entre 2023 e 2025, sob pena de não ser possível a celebração de novos recordes pelo simples fato que a nossa capacidade operacional parar nos sonhos. Precisamos realizar tal como fizemos há 130 anos. E que o sucesso do agronegócio não seja comemorado apenas por produtores, exportadores, donos de navios e nossos 'clientes' mundiais”.

 

Balança comercial

 

A participação acumulada do Porto de Santos na corrente comercial brasileira se manteve no patamar de 29%. Em torno de 25% das transações comerciais do Brasil com o exterior que passaram pelo complexo portuário de Santos tiveram a China como país parceiro. O Estado de São Paulo se manteve com a maior participação (44,1%) nas transações comerciais com o exterior por meio do Porto de Santos.

 

Mais navios

 

O fluxo de navios registrado de janeiro a novembro deste ano no Porto de Santos foi de 4.757 atracações, crescimento de 7,4% em relação ao mesmo período de 2021.