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05/12/2022 - 08h10

Portos sustentáveis

Fonte: A Tribuna On-line - Editorial
 
Demanda por energia limpa e descarbonização começa a pautar relações entre setores público e privado
 
O debate, até então mais concentrado no agronegócio, no setor industrial, energético, transportes e comércio, começa a envolver fortemente as atividades portuárias e toda a cadeia de relações que dizem respeito à exportação e importação de produtos. O tema sustentabilidade tem sido pauta cada vez mais frequente de eventos locais e nacionais, como o realizado nesta semana em Santos, o Congresso Latino-Americano de Portos (AAPA Latino), que reuniu autoridades, especialistas, entidades e acadêmicos em torno de uma agenda que extrapola as relações multilaterais e econômicas, e diz respeito, também, aos desafios ambientais.
 
Ao mesmo tempo em que se comemora a chegada ao Porto de Santos de navios maiores e mais robustos, também se manifestam as preocupações com os aspectos de eficiência energética, uso de fontes renováveis e, mais do que isso, formas e métricas para avaliar a performance das empresas no uso de energias limpas, reúso e monitoramento da qualidade da água, abastecimento e emissão de gases de efeito estufa (GEE).
 
No encontro da AAPA, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, manifestou preocupação com o quão preparado o setor está para atender às demandas cada vez mais crescentes do mercado internacional com a sustentabilidade. “A partir de janeiro, teremos que adotar medidas de eficiência energética e medir as emissões de carbono para cumprir determinadas regras”, disse, antecipando que navios mais antigos, embora em boas condições de navegabilidade, poderão deixar de operar se não atenderem as novas exigências. Essa antecipação de cenário tem implicações fortemente ligadas às questões econômicas, visto que há uma perspectiva de crescimento na movimentação de cargas, como no Porto de Santos, e navios não são construídos do dia para a noite. Assim, substituir modelos inadequados por outros, mais modernos e eficientes, não se dará na mesma velocidade que a demanda por cargas. “Há, sim, o risco de aumento de frete por falta de frota”, avisou o representante da Abac.
 
Quando a vertente é o movimento de navios de cruzeiros marítimos, o desafio é tão grande quanto, visto que há um processo crescente de eletrificação da frota, mas um descompasso na oferta de portos com berços eletrificados. No mundo, são apenas 29 portos nessa condição ou 2% do total.
 
O tamanho do desafio é proporcional ao total de investimentos necessários para ajustar as estruturas a esse conjunto de diretrizes – positivas e bem-vindas – por sustentabilidade. Até por exigências de mercado e relações comerciais com outros países dentro da agenda ESG, o setor privado vem incorporando políticas nesse sentido, mas será preciso que autoridades públicas, gestores de portos, como o de Santos, acelerem suas iniciativas para não perderem espaço em um universo cada vez mais competitivo.
 
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