Fonte: AssCom Sindogeesp



Trabalhadores portuários dos portos nacionais invadiram a Capital Federal nesta quarta-feira e lotaram as dependências do Congresso Nacional para protestar contra a Medida Provisória 595. Pela manhã, uma comissão formada pelas lideranças da categoria se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Após ouvir os dirigentes sindicais, o político se comprometeu a interferir no processo em favor dos portuários. Os trabalhadores aproveitaram a oportunidade para elencar uma série de prejuízos e consequências desfavoráveis que a nova regulamentação poderá trazer para o setor marítimo. 

 

A nomeação do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) para o cargo de relator da Medida Provisória 595, cuja comissão parlamentar mista irá apreciar as 645 emendas que foram apresentadas por representantes de praticamente todos os seguimentos envolvidos, foi um dos principais pleitos dos sindicalistas durante o encontro. Após ouvir os dirigentes sindicais, o político se comprometeu a interferir no processo em favor dos portuários.

 

Para o presidente do Sindaport (empregados na administração portuária), Everandy Cirino dos Santos, o resultado da reunião foi satisfatório. "O simples fato do Calheiros ter nos ouvido já foi importante, sobretudo porque deixamos consignado nossa posição diante do descaso e da intransigência do Governo com relação aos empregados das companhias docas e trabalhadores avulsos". Cirino afirma que os trabalhadores saíram do encontro fortalecidos. "A categoria continua mobilizada e esperançosa em um desfecho favorável, até porque, se os nossos argumentos não forem aceitos, não teremos outra saída a não ser paralisar os portos nacionais".

 

Outro que também saiu confiante da audiência foi Guilherme do Amaral Távora, presidente do Sindogeesp (operadores de guindastes e empilhadeiras). "Apesar do presidente do Senado ter deixado claro as dificuldades que terá para nos atender na indicação do senador Valadares, acredito que o peso do importante cargo que ocupa e seu poder de articulação sejam elementos que poderão fazer a diferença a nosso favor", ponderou. Renan Calheiros detalhou aos presentes o rito processual adotado pelo Congresso para a nomeação de relatores das comissões. 

 

A possibilidade de uma greve nacional no setor também foi ressaltada pelo presidente do Sindicato dos Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva. "Depois de simplesmente alijar os trabalhadores do processo, se o Governo Federal não atender a uma mera reivindicação da categoria, com a nomeação de um parlamentar de consenso, estará sinalizando que quer confusão". O líder da estiva garante que os portuários farão uma greve geral jamais vista nos portos brasileiros. "É uma questão de sobrevivência e em razão disso não teremos outra saída". 

 

Jozimar Bezerra de Menezes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Bloco, mostrou-se confiante com o trabalho que está sendo realizado. "Estamos atuando diuturnamente junto aos deputados e senadores na base do corpo a corpo, com o objetivo de conquistar mais aliados à nossa causa, que é das mais nobres já que estamos falando do mercado de trabalho dos portuários". Os deputados Márcio França (PSB-SP) e Paulo Pereira (PDT-SP), o Paulinho da Força, acompanharam os sindicalistas durante a audiência. O deputado federal Beto Mansur (PP) não compareceu. 

 

O próximo capítulo desse embate está marcado para o dia 20 de fevereiro, data em que a comissão parlamentar formada por 15 senadores e 14 deputados federais será instalada, ocasião em que também será designado o relator da MP. Para acompanhar de perto toda a movimentação no Congresso, trabalhadores dos portos realizarão plenária nacional entre as três federações da categoria (FNP, Fenccovib e FNE) nos dias 19, 20 e 21, em Brasília.