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17/08/2020 - 06h33

Prevenção para evitar tragédias

Fonte: Boqnews
 
A explosão em Beirute, no Líbano, trouxe novamente a tona os riscos e os impactos que o Porto de Santos pode trazer para a região


 
A explosão que vitimou mais de 200 pessoas na região portuária de Beirute no Líbano fez o mundo levantar uma série de questionamentos sobre os protocolos de segurança nos portos, principalmente nos terminais que recebem produtos tóxicos.
 
No Porto de Santos, a situação não é diferente. Logo após a fatalidade ocorrida no Oriente Médio, diversas notícias se espalharam nas redes sociais abordando que os terminais da região armazenam o mesmo produto (nitrato de amônio) que explodiu no país árabe causando uma tragédia sem precedentes. É importante frisar que as cargas no porto em Beiture estavam armazenadas sem seguir as normas de segurança.
 
Mas, afinal é possível ocorrer uma explosão semelhante na região e para que serve este produto inflamável?
 
Especialistas
 
De acordo com o químico e professor-doutor da Universidade Santa Cecília (Unisanta) Silvio Vicente, o nitrato de amônio é principalmente utilizado na fabricação de fertilizantes e de explosivos. Como o Brasil possui uma das maiores áreas destinadas à agricultura do mundo, o produto é usado em enormes quantidades pois o nitrato de amônio é uma fonte de nitrogênio para as plantas.
 
Em relação aos cuidados com o produto, Silvio destacou que é preciso adotar uma série de procedimentos: “É importante monitorar constantemente a temperatura do produto que não pode se aquecer, pois acaba entrando em reação e dessa forma pode resultar em incêndios ou explosões. Outro ponto fundamental consiste no afastamento de materiais que poderiam reagir com o nitrato de amônio, como algodão, óleo diesel, açúcar e serragem”.
 
O professor ainda destacou que a importação do nitrato de amônio é importante para o País, todavia o composto não deve ser manuseado ou armazenado próximo a áreas urbanas, como acontece no Porto de Santos. Segundo ele, produtos altamente inflamáveis e explosivos deveriam ser armazenados em locais mais distantes dos bairros.
 
Para o engenheiro industrial Élio Lopes, o perigo está nos navios que carregam uma quantidade enorme deste produto. Em caso de aumento na temperatura ou incêndio nas embarcações, poderão ocorrer explosões semelhantes a do Texas nos Estados Unidos em 1947, onde 581 pessoas morreram.
 
“O risco existe; se houver uma explosão, os impactos irão depender da quantidade do produto no navio e também do tamanho da embarcação. Normalmente, uma catástrofe desta proporção pode atingir entre 3 a 4 quilômetros de distância. Dessa forma, grande parte de Santos e outras cidades da região, como Guarujá, sofreriam impactos direto com alto poder de devastação”, concluiu o engenheiro, que ressalta a necessidade de fiscalização efetiva no Porto.
 
Santos Port Authority
 
A Santos Port Authority, autoridade que administra o Porto de Santos, informa que o armazenamento de nitrato de amônio ocorre no Terminal Marítimo de Guarujá (Termag), localizado na margem esquerda do Porto (Guarujá).
 
Em nota, a instituição destacou como é feito o processo do composto no Porto. “O produto armazenado no terminal é o Nitrato de Amônio Classe 5 (oxidante). Destinado ao uso agrícola, o produto é submetido a monitoramento rigoroso de temperatura e umidade e misturado a calcário para dar maior estabilidade. Não é estocado por longos períodos, sendo basicamente uma operação de transbordo direto dos navios para caminhões”.
 
Dessa forma, a utilização do produto para fogos de artifício não acontece no Porto. Além disso, a Santos Port Authority diz que segue todos os protocolos de segurança e conta com uma fiscalização rígida respeitando as normas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e também da Secretaria de Meio Ambiente.
 
Casos
 
O Porto de Santos no ano passado movimentou 134 milhões de toneladas de cargas das mais diferentes. Já o nitrato de amônio corresponde a menos de 1% do total.
 
No entanto, acidentes podem acontecer não só com este produto, mas também com outros compostos inflamáveis. Em 2016, um vazamento de gás no terminal da Localfrio em Guarujá, devido a reação da água da chuva com o produto ácido dicloro isocianúrico de sódio, causou uma enorme massa de nuvem tóxica. A fumaça se espalhou rapidamente atingindo as cidades de Guarujá, Santos e São Vicente. Moradores de Vicente de Carvalho próximos ao local precisaram sair de suas casas.
 
Mais de 150 pessoas procuraram atendimento médico e ao menos uma pessoa morreu em função da inalação da fumaça.
 
A empresa acabou sendo multada em R$ 10 milhões pelas autoridades estaduais e dividiu o débito em 48 parcelas, finalizado em março de 2018.
 
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