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22/09/2020 - 08h32

Profissionais negros são minoria em cargos de média e alta gestão, mostra levantamento

Fonte: Valor Investe 
 
Pesquisa feita pelo VAGAS.com mostra que participação da população negra diminui a partir do nível júnior e segue despencando progressivamente até o cargo de diretor; negros só são maioria em posições operacionais e técnicas
 
É inegável que o racismo estrutural precisa ser combatido. E o primeiro passo é entender o tamanho do problema. A plataforma de emprego VAGAS.com produziu um levantamento que revela que os negros ainda são minoria em cargos de suporte, média e alta gestão.
 
De acordo com o levantamento, os negros representam 8,9% dos cargos de nível pleno ante 13% dos brancos e 12% dos amarelos. No cargo de direção é onde se constata a diferença mais acentuada: 0,7% dessas posições são ocupadas por negros enquanto os brancos, amarelos e indígenas aparecem com 2%, cada. Os negros só são maioria frente às demais raças em posições operacionais (47,6%) e técnicas (11,4%).
 
“São dados extremamente alarmantes e que comprovam a clara presença do racismo no mercado de trabalho. Os números mostram que esse público é totalmente discriminado, tendo mais espaço em cargos operacionais. Essa discrepância fica ainda mais notória quando analisamos o nível de graduação de todas as raças, comprovando que há uma clara distinção de oportunidades para os negros, especialmente em posições de suporte e gestão”, explica Renan Batistela, integrante do comitê de Diversidade & Inclusão da VAGAS.com.
 
Em outros níveis hierárquicos, os negros também têm participação menor em relação aos outros grupos. É verificado em níveis de suporte à gestão como júnior (6,3% dos negros contra 8% amarelos e 7% brancos), pleno (8,9% versus 13% brancos e 12% amarelos) e sênior (3,5% negros, 6% brancos e amarelos).
 
Em cargos de alta e média gestão, a desigualdade racial continua escancarada: supervisão/ coordenação (8,3% negros contra 12% amarelos, 11% brancos e 10% indígenas) e gerentes (3,4%, enquanto 7% são brancos e 6% amarelos).
 
 
Os negros são a maioria especialmente nos cargos mais baixos e com menor escolaridade. Eles estão em maior quantidade nos trabalhos que requerem ensino fundamental, ensino médio e ensino médio profissionalizante. Eles perdem para os brancos a partir do ensino superior e também no grupo que possui pós-graduação.
 
 
“Detectamos que há um racismo estrutural, um racismo velado e que acaba prejudicando a justa inserção da população negra no mercado de trabalho”, finaliza Renan.
 
O levantamento foi realizado em agosto deste ano considerando o nível de cargo cadastrado pelos usuários da VAGAS.com.br e que preencheram o campo de declaração racial, ferramenta disponível na plataforma desde abril deste ano.
 
Desde abril, a empresa tem na plataforma um recurso de declaração racial em que os candidatos autorizam as empresas a verem suas informações. A ideia é que as empresas passem a prestar atenção na diversidade de candidatos que seleciona para seus processos para dar mais oportunidades a minorias.
 
"Antes as empresas só descobriam a ausência ou baixa participação de profissionais negros no momento das entrevistas, e raramente reiniciavam as etapas anteriores para corrigir o erro. Além disso, para aquelas companhias interessadas em criar processos afirmativamente inclusivos, surgia a dúvida: mas onde encontro essas pessoas?", diz Renan Batistela.
 
Desde que o recurso foi ao ar, 12 empresas assinaram o termo de responsabilidade para usar as informações para inclusão racial, enquanto outras nove estão em processo de adesão. Os candidatos que preencheram a autodeclaração já ultrapassaram a marca de 200 mil. Desse total, 52,4% são negros (16,3% de pretos e 36,1% de pardos), 43,3% brancos, 1,8% de amarelos, 0,2% de indígenas e apenas 2,2% dentre os que não preferiram responder. Vale lembrar que as classificações seguem o modelo do IBGE.
 
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