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14/12/2021 - 09h49
Projeto de terminal no Porto de Santos gera debate na Câmara Municipal
Fonte: A Tribuna On-line
Governo diz que só haverá movimentação de nitrato de amônio se órgãos responsáveis concederem aprovação para esse fim
De um lado, representantes do Governo Federal que apostam no arrendamento do STS53 e afastam o perigo de explosões. Do outro, especialistas que apontam os riscos da movimentação de um grande volume de fertilizantes na região de Outeirinhos, no Porto de Santos, onde vivem mais de 50 mil pessoas.
O tema foi discutido nesta segunda-feira (13), durante uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Santos. Tudo porque o Governo Federal pretende leiloar um terminal de fertilizantes, em uma área de 87.981 metros quadrados. Entre as cargas que serão movimentadas, está o nitrato de amônio, que tem potencial explosivo e preocupa especialistas.
Segundo o professor universitário Silvio José Valadão Vicente, esta substância, além de poder causar explosões que atingiriam no mínimo um raio de 5 quilômetros, ainda é capaz de causar problemas de saúde, como bronquite, câncer e até má-formação fetal.
“A possibilidade não é muito alta, tem que se reconhecer isso. Porém, pode ocorrer como já aconteceu no Brasil, em São Francisco do Sul, onde felizmente só ficou no incêndio e não teve explosão”, disse, em referência a um incidente químico ocorrido em 2013.
Na mesma linha, para o conselheiro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS), Eduardo Lustoza, o risco é “assustador”. Por isso, o especialista defende que essas cargas sejam movimentadas mais para o fim do estuário. “Estamos falando de explosão de cinco vezes a velocidade do som. Brasília precisa ter um pouco mais de zelo nessa coisas. A condição de expansão portuária está no fundão, em outras áreas, precisamos entrar no princípio da precaução, da prevenção, porque é fácil contabilizar desgraça”.
Sem riscos
De acordo com o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Diogo Piloni, não há riscos. Ele explica que o nitrato de amônio corresponde a apenas 5% das operações do futuro terminal. “Se chegarmos à conclusão de que não é possível movimentar nitrato de amônio, ainda assim estamos falando de um terminal absolutamente crucial para a economia do País, que gerará investimentos vultosos para o Porto de Santos e geração de empregos”.
Já o diretor de e Desenvolvimento de Negócios e Regulação da Santos Port Authority (SPA), Bruno Stupello, apontou que, no acidente que aconteceu em 2020 no Porto de Beirute, no Líbano, as cargas estavam armazenadas irregularmente há seis anos. O sinistro deixou quase 200 mortos, causou destruição na área portuária e é lembrado por especialistas que temem uma situação semelhante no cais santista.
“A movimentação do produto no Porto de Santos é feita com o prazo máximo de armazenagem de 15 dias. Isso é importante porque o produto tem a capacidade de expandir e de se contrair com as diferentes temperaturas que ocorrem ao longo do dia. Essa capacidade de expansão e contração se perde ao longo do tempo. E quando a capacidade de contração não existe mais, o produto fica mais poroso. E mais suscetível a explosões”.
Ele rechaçou os apontamentos de especialistas, indicando que houve uma consulta prévia ao órgão ambiental. “Temos visto inúmeras manifestações que só trazem alarmismo ou tentam criar pânico na população sem trazer elementos técnicos que justifiquem qualquer tipo de argumentação”.






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