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24/04/2014 - 02h02

Remo sobre prancha divide espaço com navios em Santos

Fonte: Folha de S. Paulo
 
 
De um lado, passa um esportista de pé em cima de uma prancha. De outro, um navio de cerca de 15 metros de altura e 300 de comprimento. A cena tem sido vista com frequência no canal do porto de Santos.
 
Praticantes de "stand-up paddle", espécie de remo sobre prancha, andam no mesmo espaço que cargueiros que entram e saem do porto. Os esportistas garantes que a convivência com os grandalhões é harmoniosa. Porém quem não está acostumado vê a cena e se assusta.
 
A reportagem da Folha flagrou a prática do stand-up neste feriado de Páscoa no canal de Santos. Diversos surfistas atravessavam os cerca de 200 metros entre Santos e Guarujá pelo canal. Era possível ver ainda pessoas usando canoas havaianas e caiaques no local.
 
Mário Cavaco Neto, 26, é atleta profissional de stand-up há 2 anos. Ele garante que nunca viu um acidente entre os banhistas e os cargueiros. "Eu não me lembro de nenhum acidente com os navios. Pratico o esporte há 6 anos e posso garantir que apesar de grandes eles são inofensivos.", disse.
 
O atleta compara eles como os caminhões em uma grande avenida. "O canal é como se fosse uma avenida. O pessoal do stand-up são os pedestres e os navios os caminhões. Só ter atenção na hora da travessia. Um atleta em boa forma faz a travessia de uma margem para outra em no máximo dois minutos", afirmou.
 
Ele, no entanto, reclama da falta de fiscalização por parte da Capitania dos Portos, na região. "De vez em nunca, quando eles vem, eles implicam com o colete, no máximo. Nada além disso".
 
Walter Schmidt Junior, 50, é atleta amador de stand-up há três anos. Morador de Santos, ele realiza a travessia praticamente todos os dias. Conhecido como Juca, o surfista diz que o problema não são os navios e sim as moto aquáticas e as lanchas.
 
"Eles sim atrapalham nossa vida. É muito perigoso. Deveria existir algumas boias delimitando um espaço para a travessia, uma espécie de faixa de pedestres no canal", afirmou.
 
No último dia 12 de abril, o lutador de jiu-jitsu Renato Salvino, de 36 anos, conhecido como Renato Gardenal, morreu em uma colisão de sua moto aquática com uma lancha no Canal de Santos.
 
O lutador dirigia seu veículo náutico na direção de São Vicente e a embarcação com a qual ele bateu seguia para Guarujá. Ele foi socorrido, mas morreu no local.
 
CARTILHA
 
A Capitania dos Portos disse que não há um plano para proibir ou restringir a travessia dos banhistas com stand-up paddle ou canoas e caiaques de uma margem para outra. O órgão, ligado à Marinha do Brasil, informou que distribui uma cartilha com 10 orientações para os banhistas que desejam praticar o esporte no canal de Santos.
 
Entre as recomendações, a Capitania pede para que os usuários mantenham uma distância de 200 metros das embarcações que passam pelo canal, não surfe as marolas feitas pelos navios e não remem na direção da proa dos barcos. 
 
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