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07/03/2022 - 09h55

Rússia recomenda a suspensão das exportações de fertilizantes; Brasil diz que não será afetado

Fonte: O Estado de S. Paulo
 
Rússia recomenda a suspensão das exportações de fertilizantes; Brasil diz que não será afetado
 
O governo russo recomendou que exportadores do país suspendam temporariamente os embarques de fertilizantes até que os serviços de transporte interno e externo sejam normalizados e que as transportadoras forneçam garantias de que os trajetos serão concluídos. 
 
A recomendação foi feita na última sexta-feira, 4, pelo Ministério da Indústria e Comércio do país, segundo informações da agência estatal de notícias Tass. "Está surgindo uma situação em que, devido à sabotagem das entregas por parte de várias empresas de logística estrangeiras, os agricultores da Europa e de outros países não podem receber os volumes contratados de fertilizantes", afirmou o ministério.
 
A orientação aos exportadores ocorre em meio à guerra da Rússia com a Ucrânia e com a ausência de transportadores marítimos da região por receio de sequestro de navios ou de que as embarcações sejam atingidas por mísseis. Várias empresas globais de navegação suspenderam temporariamente as operações envolvendo portos russos, incluindo as transportadoras de contêineres Moller-Maersk e Mediterranean Shipping.
 
O diretor de Fertilizantes da consultoria StoneX, Marcelo Mello, diz que a recomendação do governo russo a exportadores locais confirma o efeito das sanções impostas ao país. "Na prática, a recomendação confirma o que se esperava: que o fluxo de exportações russas fosse ficar interrompido. Eles alegam que é um problema de logística, mas o que está por trás da questão do transporte são as sanções", disse Mello, ao Estadão/Broadcast Agro.
 
No Brasil, o Ministério da Agricultura afirmou, em nota enviada à imprensa, que a recomendação do governo russo "a princípio, não está afetando ainda o comércio de fertilizantes para o Brasil". 
 
A Rússia é um dos maiores produtores de fertilizantes. É o segundo maior exportador mundial de nitrogenados e terceiro maior exportador global de fosfatados e potássicos, contribuindo com 16% dos adubos exportados no mundo. Os russos são os principais fornecedores de adubo ao Brasil, com cerca de 20% do volume internalizado anualmente.
 
Segundo representantes do governo, a recomendação da suspensão não atinge as exportações para o Brasil e não há risco de falta de fertilizantes no país. "Não há suspensão das exportações russas de adubos, o que ocorreu foi uma recomendação do governo russo para suspensão temporária de embarques. Falamos com os principais exportadores russos de adubos e nos informaram que essa recomendação não afetará a exportação ao Brasil", disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Ribeiro, ao Estadão/Broadcast.
 
Ribeiro destacou que não somente não há interrupção no fornecimento de adubos da Rússia ao Brasil, como há embarques ocorrendo, conforme sinalização do setor privado russo. "Hoje, saiu um navio de fertilizantes da Acron, empresa russa, para o Brasil. Eles nos informaram sobre a carga", disse o secretário.
 
Segundo ele, o Brasil tende a remanejar parte de suas importações desses insumos, buscando outras origens. "O que haverá é aumento de preço e diversificação de fornecedores. Esta última, a longo prazo, é bom", afirmou. "Não há como ignorar que o conflito entre Rússia e Ucrânia está gerando forte impacto nos preços dos fertilizantes. Se o conflito for curto, a oferta e os preços deverão se equilibrar com o tempo."
 
Em caso de menor oferta russa ou dificuldade nos embarques do país, Ribeiro citou Canadá e países árabes como eventuais alternativas ao Brasil. "Canadá tem possibilidade de aumentar a oferta usando a infraestrutura que possui. Outros países também vão exportar", afirmou.
 
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e uma comitiva da pasta vão ao Canadá no próximo sábado, 12, tratar de eventual aumento no fornecimento de fertilizantes do país ao Brasil com representantes locais. 
 
Na última quinta-feira (3), a ministra descartou totalmente a possibilidade da importação de fertilizantes russos durante o conflito e reconheceu o impacto do conflito na Europa nos preços dos alimentos.
 
"Temos suspensão desse comércio porque não temos como pagar esses produtos, nem navios para carregar. Enquanto houver guerra, é totalmente descartada a possibilidade de receber fertilizantes”, afirmou Tereza Cristina, nesta quinta-feira, 3, durante transmissão ao vivo nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao lado dele, a ministra disse, ainda, que o Irã vai substituir o abastecimento de uréia que viria da Rússia.
 
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