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31/10/2014 - 05h17

Suez tenta recuperar o esplendor

Fonte: EFE



A ampliação de um canal que une dois continentes e a inauguração de um museu que recolhe relíquias que remontam à pré-história são duas das últimas apostas do presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi, para que a cidade de Suez recupere seu esplendor perdido.
 
Suez é a maior cidade do Mar Vermelho egípcio e está situada no extremo norte do Golfo de Suez, ao leste do delta do Nilo, a oeste do Sinai e limita pelo sul com Ismailiya.
 
A cidade coloca suas esperanças em Sisi para voltar a ser o símbolo que foi e superar as dificuldades de crescimento econômico que viveu desde os primeiros dias de sua história, quando, por falta de água doce, a água potável chegava pelas costas dos camelos.
 
A revolução da cidade veio com o Canal de Suez, bem conhecido pelo ex-presidente do porto de Port Said, Shirin Hassan, que aplaude o novo projeto para construir um canal paralelo ao atual.
 
Com 72 quilômetros de comprimento, a nova infraestrutura favorecerá a redução das horas de espera dos navios e permitirá sua maior afluência.
 
A cidade de Suez desempenhou um papel importante entre Oriente e Ocidente durante toda a história da Humanidade, incluída a época dos faraós e romanos, e o continua fazendo na atualidade. "É símbolo de comércio", diz Hassan, especialista no canal.
 
Esta passagem marítima, cujas artérias se estendem por 195 quilômetros de comprimento, foi aberta em 1869 e nacionalizada no dia 26 de julho de 1956 pelo então presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, o que desembocou em uma guerra com França e Inglaterra, que até aquele momento administravam o Canal de Suez.
 
"Representou o papel de porta para a Europa e permitiu conectar os dois continentes para facilitar o transporte de mercadorias e produtos tanto africanos - pelo Mar Vermelho - como asiáticos", lembrou Hassan.
 
Ele insiste em que Suez "viu passar grandes invenções em grandes navios exportadas para o mundo todo".
 
Depois da guerra de 1973, entre Egito e Israel, a cidade "ficou à margem e viveu muita corrupção com (o ex-presidente Hosni) Mubarak. Não havia projetos e ninguém investia aqui", contam os mais idosos, segundo afirmou o líder da principal associação juvenil de Suez, Montaser Saleh.
 
Além disso, desde a queda de Mubarak em 2011, o Egito vive uma crise de segurança que está afetando o turismo e a economia do país, motivo pelo qual a duplicação do canal representa uma pequena esperança para virar o jogo.
 
A esperança é reflexo de sua nova capacidade: 96 navios vão atravessá-lo em vez dos 49 atuais.
 
"Temos grandes problemas de desemprego e este projeto fará muito para tentar pôr fim a este atraso econômico que a cidade vive. Será muito vantajoso para nós", assinalou Saleh.
 
O jovem acrescenta que esta obra representa uma grande aposta para a economia egípcia porque com ela se "destaca a importância do Egito e seu canal" para o comércio mundial.
 
Por isso, confia "no governo de Sisi" e se mostra seguro de que os problemas do futuro "o povo egípcio os enfrentará unido".
 
Fontes do governo de Suez também preveem que este projeto ampliará as possibilidades de trabalho, mas também que permitirá o controle da imigração irregular rumo à Europa, por haver uma maior presença das Forças Armadas encarregadas do controle do canal.
 
Além do aspecto econômico do canal, destaca-se também sua vertente histórica, ligada à evolução da cidade.
 
Para mostrá-la foi inaugurado recentemente o Museu Nacional de Suez, que reúne 1.276 peças arqueológicas, entre elas estátuas, armas, moedas e mapas, colocadas em um espaço de 6.000 metros quadrados para refletir o papel geográfico e histórico da região.
 
"É a representação do cenário do terreno sobre o qual se construiu o Canal de Suez. Desde as primeiras monarquias que pensaram em escavá-lo para facilitar a exportação de produtos típicos como os da Somália, porque os necessitavam para seus ritos religiosos", explicou a historiadora Amira Mohammed Najib.
 
"A região era caminho em direção a Meca" e por isso há várias peças dessa época. Suez precisava de um museu como este porque "a cidade tem muito que contar", assegurou Amira. 
 
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