Fonte: FalaSantos



Sindicatos portuários ligados ao Porto de Santos se manifestaram de maneira contrária a uma possível extinção da Secretaria de Portos (SEP) no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. A notícia de uma eventual incorporação da pasta pelo Ministério dos Transportes (MT) foi veiculada em alguns dos principais órgãos de imprensa do País na semana que antecedeu a reeleição da mandatária.

 

O boato ganha força em Brasília causando apreensão nos diversos agentes que interagem no segmento, com destaque para os trabalhadores que temem pela perda da representatividade da categoria. Tamanha preocupação levou diversas lideranças sindicais a se reunirem na capital federal durante a semana.

 

Um dos mais temerosos é o presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Rodnei Oliveira da Silva. "Trata-se do principal palco para as grandes discussões e uma casa que, através de seus interlocutores, desde sua fundação atendeu uma boa parcela das reivindicações da classe trabalhadora". Presente no encontro realizado no Planalto, Rodnei adiantou que um documento pleiteando a manutenção da SEP será enviado à presidente nos próximos dias.

 

Com a finalidade de renovar e alavancar o modelo de gestão portuária, a SEP foi criada em maio de 2007 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com status de ministério, ao longo de sua existência a pasta não conseguiu atingir seus principais objetivos e gradativamente foi transformada em balcão político partidário.

 

Nesse sentido, o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, defende a continuidade, mas pede mudanças. "Considerando que durante esses sete anos o modelo de gestão pautada em nomeações políticas não deu certo, é de fundamental importância que a partir de agora tenha uma gestão técnica e seja dirigida por profissionais com conhecimento do setor portuário".

 

Além dos portos, o dirigente entende que o Órgão deva responder também pelas hidrovias. "A utilização do modal hidroviário para o transporte de cargas no Brasil é pouco explorado, apesar de ser uma tendência mundial e uma excelente alternativa sob o ponto de vista logístico, econômico e ambiental", ressaltou. A navegação por rios é normatizada pelo MT.

 

À frente do Sindicato dos Operadores de Guindastes e Empilhadeiras do Estado de São Paulo (Sindogeesp), Guilherme do Amaral Távora também é favorável à permanência da pasta de Portos. "Sob o ponto de vista laboral conseguimos obter significativos avanços, sobretudo na gestão de Pedro Brito (2007 - 2010)". Segundo o sindicalista, o ex-ministro se revelou um verdadeiro homem do porto ao demonstrar interesse e capacidade diante dos problemas verificados nos complexos estatais, com destaque para a saúde e segurança dos trabalhadores portuários.

 

Na mesma linha, o presidente do Sindicato dos Conferentes de Carga, Descarga e Capatazia do Porto de Santos, Marco Antônio Sanches, afirma ser contrário a uma possível iniciativa do Governo Federal em transformar a SEP numa secretaria do MT. "Seria um grande retrocesso não apenas para os trabalhadores portuários, mas também para os empresários e demais agentes envolvidos direta e indiretamente com a atividade", disse.

 

Um dos motivos do incerto fim do ministério seria sua incapacidade em levar adiante o projeto da presidente Dilma que visa às concessões das áreas e terminais portuários. Insatisfeitos com a descontinuidade administrativa, estagnação nos investimentos, incertezas jurídicas e impasses trabalhistas, empresários e sindicalistas entregaram à mandatária propostas pleiteando alterações no atual marco regulatório. Em nenhuma delas o fim da SEP foi abordado.

 

A possibilidade de extinção da pasta poderá causar impactos negativos também na área retroportuária. "Dentro da cadeia logística os reflexos de tudo o que acontece na zona primária são imediatos e afetam diretamente as atividades desenvolvidas no retroporto", avaliou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral de Santos e região (Sintrammar), Francisco Erivan Pereira.