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03/05/2016 - 09h17

Trabalhadores portuários do Porto de Maceió estão em dificuldades

Fonte: Correio do Povo

 
Sindicalistas ligados ao Porto de Maceió convocaram a imprensa para relatar a dificuldade que os trabalhadores portuários estão passando devido ao fechamento do terminal por um grupo de policiais civis em greve. A reunião aconteceu na tarde desta sexta-feira, 29, na sede do Órgão Gestor de Mão de Obra do Trabalho Portuário (OGMO).
 
O presidente do Sindicato dos Estivadores, João Epifânio, iniciou a discussão falando sobre os resultados que a greve vem trazendo. Segundo ele, em parte, a greve foi importante para trazer à tona a realidade dos trabalhadores portuários. "Nós só recebemos quando trabalhamos, pois somos a única categoria do Brasil que age dessa forma. Logo, com esse tempo sem trabalhar, os pais de família voltam para casa sem dinheiro para dar o que comer a família”, desabafou.
 
João Epifânio ainda falou sobre as dificuldades financeiras que os sindicatos estão passando e o sucateamento do Porto de Maceió. A informação repassada por ele é que faltam equipamentos como guindastes e armazéns, por exemplo, e que já foram pedidos há 14 anos, porém até hoje nada foi feito.
 
“Nossos sindicatos estão próximos de fechar as portas. Nós não temos sequer dinheiro para pagar um refrigerante aos empregados. Falei com o pessoal do Sindpol que estávamos há 25 dias sem navio, e quando chega logo dois, eles fecham o portão. A resposta que eles deram é que isso só depende do governo. O governo abandonou esse porto. Ele está sucateado, foi tomado por empresas privadas, falta tudo”, concluiu o presidente.
 
Funcionários
 
O porto possui cerca de 800 trabalhadores avulsos que só trabalham com cargas sólidas, como trigo, fertilizantes, açúcares ensacados, dentre outros. No momento, dois navios de grande porte estão atracados, um de sete toneladas e outro de doze toneladas de fertilizantes, desde a última semana. Devido a greve, cerca de 480 funcionários deixam de trabalhar e receber seu salário diário em uma média de R$ 150.
 
Antes disso, o ancoradouro passou cerca de 25 dias sem nenhum navio atracar no local, já que navios com cargas líquidas, como combustíveis, e de passageiros não representam nenhum ganho. Sendo assim, estes funcionários estão há mais de um mês sem receber.
 
O presidente do Sindicato dos Vigias Portuários no Estado de Alagoas, Neilton Barbosa, acha um absurdo os agentes da Polícia Civil, mais uma vez, tomar o Porto de Maceió para cobrar do governo suas reivindicações.
 
“A greve dos policiais, na ótica deles, está correta. Só que eles não podem atrapalhar o direito constitucional de ir e vir. Eles têm os prejuízos deles e causam prejuízos para terceiros? Na minha opinião, discordo de ter bloqueado nosso porto. Eles estão recebendo todo final de mês. E a gente?”, indagou.
 
Perdas em números
 
Dois navios de grande porte atracaram no Porto de Maceió desde a última semana e ainda não foram descarregados. Com isso, multas diárias de 15 mil dólares (aproximadamente R$ 52.400) são aplicadas, pesando no bolso do importador.
 
André Macena Filho, operador portuário, explicou que não é apenas um problema de curto prazo, mas também de longo prazo, já que essas greves “assustam” empresas que decidam atracar em Maceió.
 
“Isso pode se tornar um reflexo negativo no futuro. As empresas podem olhar e pensar nos problemas que o porto oferece e aumentar o frete com medo de novos problemas. O navio não é para estar parado, não é vantagem para o importador”, falou André.
 
Por fim, o operador explicou os custos que têm os caminhoneiros que estão parados na frente do terminal e os trabalhadores avulsos, que precisam se locomover até o porto e ainda responder chamada.
 
“Você imagina um funcionário desse sem receber e gastando com transporte e alimentação para responder uma chamada? E pior é se ele não vier, pois deixa de ganhar turno. Além disso, tem os caminhoneiros, moradores de outros estados, passando pela mesma situação e não tem ninguém que possa ajudar”, relatou.
 
Estavam presentes na reunião os presidentes do Sindicato dos Conferentes e Consertadores de Cargas, Antônio Carlos, do Sindicato dos Estivadores do Estado de Alagoas, João Epifânio, do Sindicato dos Vigilantes Portuários, o Operador Portuário, André Macena Filho, e o diretor executivo e a assessora jurídica do OGMO, Francisco Porcino e Flávia Marcli, respectivamente.
 
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